quinta-feira, 16 de abril de 2009

Sentimento?

Que cilada jamais podermos expressar o que realmente queremos. Como pode-se observar, essa é uma inquietação recorrente que tenho e, portanto, sempre a ela torno. Não quero tornar-me chato, já o sendo, e também não quero ser um limitado que somente fala de um assunto. Porém, volta e meia, esse fato consome-me e tenho que tornar a mencioná-lo.
Fazer do objeto uma palavra é tarefa árdua e utópica, porque jamais o objeto será, plenamente, palavra. Situação que se agrava quando o objeto é algo somente interior, ou melhor, que tem seu princípio no interior. Como assim? Objetos concretos serão interiores também, pois quando os citamos, temos, em um primeiro momento, a sua apreensão e tornamo-los linguagem a partir de nossa perspectiva. Contudo, uma opinião, um sentimento, uma sensação são gestos que estão em nosso interior e, somente, convertem-se em "matéria" pela linguagem. Isso faz com que os sentimentos, denominando-os assim de maneira generalizada, não existam em si.
Talvez, estejamos a desafiar os lingüistas e filósofos da linguagem, porém, o que aqui está nasce de uma reflexão particular baseada em uma miscelânea de referências. Entretanto, sigamos.
Pensemos o seguinte: como sei que é saudade que sinto quando estou com saudade? Como sei que é medo o que tenho quando sinto medo? Sabemos que são esses os sentimentos e não outros, porque alguém nos disse que assim sentiam quando sentiam algo, sabemos, porque o dicionário disse-o, etc. Então, apropriamo-nos de experiências de outrem para orientarmo-nos em nossos sentimentos. Ou seja, os sentimentos são construções dadas, dos quais tomamos como nossos, para satisfazer a capacidade de expressão. Todavia, se acreditamos na idéia que nunca expressamos a totalidade dos objetos, sejam esses internos ou externos, recebemos uma idéia parcial e a expressamos parcialmente também. Assim, o aperto no peito de não saber se conseguimos dizer, realmente, o que sentimos, pode denominar-se impotência, mas nunca saberemos se o é.

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