Há quem goste, mas eu detesto. As paisagens de outono são inegavelmente bonitas, mas apenas em fotos ou quando estamos em um lugar que não é onde vivemos. Pois, em nosso lugar, a metamorfose tenebrosa provoca arrepios. A paisagem deprime-se, depime-nos. Perco a vontade de fazer o que devo, torno-me apático. Fico com os nervos alterados e tudo me emociona. Não imagino quantos compartilham essa idéia comigo, mas os que responderem sim, entendem-me perfeitamente, os que não, acharão que isto é uma crise outonal.
Não sei se ambos acontecem de forma tautócrona, mas o outono arrebata-me. Tenho dificuldades para ler, escrever, ouvir música, relacionar-me com as pessoas. Fico feliz que ele acaba e vem o inverno com o frio que nos desperta para fazermos determinadas coisas que são típicas da estação. Porém, a indecisão e a inestabilidade do outono faz-nos refém dele. Hoje, está calor, projetamos situações para o outro dia que amanhace frio e chuvoso e temos de repensar o que fazer. Acabe incipiente outono, preciso de definições.
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