sexta-feira, 17 de abril de 2009

Feira do livro de Santa Maria

Reclamamos sempre que o país tem índices de desenvolvimento humano baixíssimos, protestamos contra o descaso com a educação. Mas esses pontos são, na verdade, somente o produto do funcionamento da sociedade de países subdeselnvolvidos, especialmente o nosso.
Vivo, em uma cidade chamada Santa Maria, de, aproximadamente, 280 mil habitantes, que é conhecida como a cidade cultura do estado do Rio Grande do Sul. Imagine como serão as cidades que propiciam menos acesso à cultura do que esta. Uma agenda cultural na UTI, uma população que, em sua maioria, não está interessada em cultura, sem ter a maior culpa disso, pois os caçadores de diplomas são frutos da lógica de produção. Deveríamos estar expostos à cultura. Respirar, ver, sentir, tocar cultura. Porém, esta se resume a ambientes, praticamente, inexistentes. Raramente, um bom espetáculo dá o ar de sua graça neste centro urbano (vide a foto). Música? Somente pelo computador. Um museu consta nesta cidade, porém pouquíssimas pessoas sabem onde fica. Contudo, temos a feira do livro, alguns expositores, nada muito grande, mas temos. Está ameaçada.
Ora, o motivo da possível não realização da feira é a crise mundial. Há quem diga que ela não ecoa nestas bandas do mundo. O dinheiro que financiava a feira vem da LIC (lei de incentivo à cultura), ou seja, as empresas estavam isentas de um determinado valor de impostos, pelo dinheiro que davam para a realização da feira (assim funciona com grande parte dos eventos culturais das diversas áreas artísticas). Acontece que a crise acarreta a diminuição das vendas, a produção cai, os impostos diminuem e não há porque financiar a cultura. Que mecenato cruel!
O que fica evidente é que a cultura deveria ser uma responsabilidade pública, portanto financiada pelo governo, ou em parcerias público-privadas, e o que nos ficam são as privadas (entendam como queiram). Este assunto é bastante particular desta cidade, porém deve acontecer em uma grande quantidade de outras também. Gostaria de algum dia voltar a falar sobre cultura de uma maneira mais geral.
Porém, há uma boa notícia, nisso tudo, arrecadaram-se alguns fundos e a feira do livro acontece, com uma estrutura duvidosa e agenda indefinida. Graças a alguns mecenas mais conscientes e solidários com os mendigos culturais, e graças a Calíope, Erato, Melpômene e Tália.

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