sexta-feira, 31 de julho de 2015

A conta, por favor

Não vou partidarizar o debate político neste momento, embora seja óbvio que as posturas do atual e do ex-governador sejam diametralmente opostas.  Fizemos greve no Governo anterior, estamos na iminência de outra neste. A questão é mais profunda, a questão está entranhada nas terras do nosso estado, nas terras de nosso país. A questão é: quem vai pagar a conta de políticas públicas equivocadas, experimentais que, artisticamente, seriam válidas, mas, politicamente, são inviáveis? Quem vai pagar a conta que maus gestores fizeram? Quem vai pagar a conta que a corrupção nos cobra? Agora, não esqueçamos de incluir nesse rol de questões: quem vai pagar a conta da sonegação de impostos? quem vai pagar a conta das isenções fiscais injustas e desiguais? Nós, nós, os trabalhadores, vamos arcar com esses gastos. 
Então antes de pagá-la, vamos nos propor outra questão: temos de pagá-la? Não, não temos. Mas para isso precisamos entender coletivamente que esse parcelamento combo (pois vem com a ameça de agosto incluída - o Secretário Giovani Feltes disse que o próximo mês será pior, obviamente) afeta a todos (não, não sou economista, formulo minhas análises empíricas, se alguém quiser colaborar...). O funcionário que deixa de receber, deixa de gastar na iniciativa privada, pois precisa economizar para pagar o Estado, assim sendo o dinheiro circula menos, o desemprego cresce e a crise aumenta. Poderiam pensar os mais simplistas: "Privatiza! Privatiza!" Mas uma empresa privada não gastaria um dinheiro tão alto numa máquina que não pudesse se recuperar. Ah, há, portanto,  possibilidade de recuperação do serviço público, que pode ter qualidade e chegar a todos, inclusive, onde a iniciativa privada não chega.
Porém, para não pagarmos essa conta e podermos dividir o saldo entre todos, não podemos ficar esperando de pernas cruzadas, mão atadas e boca fechada. Unidos, tentando manter a ideia, talvez abstrata, de categoria, sem cisões partidárias, sem interesses pessoais - esses são mais alguns obstáculos que deverão ser enfrentados - possamos caminhar atrás da utopia à Galeano. E, quiçá, assim consigamos nos orgulhar que o gaúcho é um povo guerreiro de verdade, porque luta em nome de todos! 

domingo, 5 de julho de 2015

Prazer, Brique da Vila Belga

Foi tão bom conhecer você hoje. Mas antes gostaria de apresentar-me rapidamente. Me chamo Rodrigo, sou professor e natural de Santana do Livramento, mas vivo em Santa Maria há onze anos  e, nesses anos todos, conheci muita gente aqui, conheci muitas coisas aqui, mas hoje tive o imenso prazer de conhecer o Brique da Vila Belga, que, mais que um brique, mais que uma aliteração, é vida nesta Santa Maria
Ir descendo a Rio Branco, sempre tão vazia e triste aos domingos, e enxergar aquelas cabeças pululando, num vaivém de pessoas que habitam a cidade e ganham as ruas, as ruas de todos nós; ver juntas diferentes manifestações sociais e artísticas: solos de blues, vendedores de vinis, capoeiristas, roqueiros, filósofos, uma editora cartonera local; andar em um lugar que nos liga de maneira simbólica a tantas outras feiras do estilo, espalhadas pela América Latina; e, acima de tudo, ver os amigos; amigos que não vemos há tempos, amigos que vemos todos os dias, mas, sobretudo, amigos; parar e conversar com tanta gente querida e interessante, conhecida em diversos momentos da vida, faz com que nesse tempo vários tempos convirjam para o mesmo espaço; espaço abarrotado de vida, de sorrisos, de cor, de alma, de cheiros, de som, de gostos. É muito bom ver o lugar que escolhemos para ser nosso, isto é, a cidade da gente tão cheia de gente. 

(FOTO: A foto foi retirada da página do Brique da Vila Belga no Facebook)