quinta-feira, 30 de abril de 2009

Gripe suína

Será que estamos mais próximos do fim? Sim, sempre. Porém, assistimos a uma doença que se alastra a uma velocidade abrumadora. Li, em uma reportagem, que apenas 2% das pessoas com gripe suína morreram. Esse apenas é uma das maiores maldades existentes no mundo, tanto quanto a negligência dos governos com o meio ambiente, imaginemos as família que perderam país ou filhos, mães ou irmãs, e como deve soar esse apenas.
Os animais estão confinados. Qualquer mutação gênica espalha-se muito rapidamente. Contudo, há seis anos, pesquisadores já apontavam a probabilidade de isso ocorrer. Então, as poderosas indústrias de alimento barraram as pesquisas com a ajuda da indústria farmacêutica. O criador dessa pandemia é o lucro. E esta doença está recém começando a manifestar-se, a catástrofe será pior, mais grave. A morte será uma presença.
A gripe suína não escolhe, não se desvia de pessoas e lugares, a maior quantidade de casos é nos EUA e na União Européia. O tiro saiu pela culatra. Pois, diferentemente do ebola e outras doenças que, por "coincidência" desenvolvem-se na África, embora a indústria farmacêutica afirma não ter nada com isso, a gripe dos porcos, pois é dos porcos em todos os sentidos que esta palavra polissêmica tem, está a fazer vítimas em países pobres e ricos.
Triste fim de uma sociedade que pensa não haver outra forma de viver, que a sua é a única correta, embora os discursos digam outra coisa. Chegamos ao ápice da fenda entre a palavra e a coisa.

sábado, 25 de abril de 2009

Passagens aéreas II

Estava disposto a não entrar mais na comédia de nosso congresso, porém, descobriu-se outra nuança do escândalo das passagens aéreas. Não obstante, a vergonha de pagarmos as passagens para familiares e pessoas que os congressista achavam que deveriam viajar, havia um desvio de dinheiro advindo de um esquema entre alguns deputados, ou pessoas ligadas a eles, e as agências de viagens. Uma pessoa qualquer ia a agência, comprava sua passagem e pagava por ela, então a agência avisava ao gabinete do deputado que emitia a passagem em sua cota, paga com o nosso dinheiro, friso, a agência e os demais, que estavam envolvidos no esquema, dividiam o valor pago pelo turista. Basta!Esse tipo de mutreta é mesquinharia, é muito pouco, contudo para alguns sempre é tempo de enganar, de ludibriar. Isso está a cansar-me. Não quero mais falar, mas sou obrigado a fazê-lo, pois omissão é cumplicidade.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Passagens aéreas

Quando se fala de incongruências na política, não podemos reclamar do Brasil, pois, nosso país , provavelmente, esteja em primeiro lugar na lista de absurdos, e se não estiver, com certeza, somos um dos cinco primeiros.
Depois do escândalo das passagens aéreas, pelo qual a opinião pública soube que os deputados e senadores tiravam de sua cota mensal, as passagens para familiares, empresários e policiais viajarem, o presidente da câmara dos deputados, Michel Temer (PMDB) asseverou que a partir de agora somente os deputados poderiam viajar com essa cota. Porém, nossos congressistas pressionaram e esse tema será posto em votação. E já ouvi um deputado do PSDB, cujo nome não lembro, dizendo que isso é absurdo, pois eles não conseguem exercer o mandato sem sua família. Mas que amor! Esses de deputados, pensam em sua família e em seu povo. Porque, o dinheiro que financia tudo isso é nosso. Imagine se o trabalhador que por não haver oportunidades em seu local de origem tivesse de ir realizar sua labuta em outra parte e exigisse de seu empregador passagens para que sua família fosse visitá-lo. No caso do congresso, os empregadores somos nós e a nós cabe dizer não.
Estou farto de tanta hipocrisia, de tanta humilhação, dessa comédia a que sou obrigado a assistir e pagar uma alta entrada sem o querer. Por favor, levemos mais a sério a política deste país, começando por desmitificar que todos os políticos não valem um centavo, porque eles nos valem milhões, e prestemos uma maior atenção a esse cenário de bufões para separar o joio do trigo.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

STF

A exaltada discussão de ontem, entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes e o também ministro do STF, Joaquim Barbosa, está a ecoar, na mídia, muito fortemente. As perspectivas que os meios de comunicação estão a apresentar sobre o caso não é o centro desta postagem, senão ver alguns pontos que ainda não foram tocados, ou, apenas, parcialmente mencionados.
A polêmica entre os ministros descambou em algo que não era esperado de pessoas que ocupam a posição destas. Obviamente, que se não era esperada essa atitude é porque ela contradiz a certos valores de postura que existem, ou seja, ela feriu a ética. Isso, em um país tão ético como o nosso, é inaceitável. Ironia à parte, essa contenda não deveria haver ocorrido, pois, os seus debates dever-se-iam dar em um plano ideal, isto é, das idéias e não com ofensas pessoais, como as que trocaram os nossos magistrados. Há dados que devem ser apurados como: o que o ministro Joaquim Bosbosa sabe sobre a existência ou não de capangas vinculados ao ministro Gilmar Mendes.
Contudo, quando as discussões ideias enfrentam dois pontos de vista que não abrirão mão de seus argumentos, se não há hipocrisia o debate acirra-se e toma outras proporções. Mas, esse é um ponto positivo. As pessoas emocionarem-se e defender seus argumentos com emoção, com sensibilidade.
Portanto, não creio que a imagem do Supremo tenha piorado nem melhorado, vejo pontos positivos e negativos, e vejo a esperança, pois há, ainda, pessoas públicas que têm idéias sólidas e defendê-las-ão com unhas e dentes.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Estado

Privatizar é a melhor solução para empresas que o estado não consegue manter plenamente. Ouço isso assaz seguidamente, porém, temos de perceber que o estado tem funções dentre as quais manter as estatais é uma delas.
Sem hipocrisia as coisas funcionam assim: o estado sucateia uma estatal, então apela para a sua venda, pois não tem condições financeiras para mantê-la, contudo, depois de vendida essa empresa, outrora pública, aparece como uma das mais lucrativas do país. Há outra modalidade também. A estatal, transforma-se em cabide de empregos, em nome da governabilidade, e seu déficit é estrondoso, quando já é da iniciativa privada seu lucro é escandaloso.
Consegue-se, com isso, criar o imaginário que o estado é um mau gestor de primeira grandeza e que não deve cuidar de outras áreas, até o momento ao menos, que a saúde, a educação e a segurança. Entretanto, isso é uma meia verdade. Pois, quando o estado quer, consegue que seus bancos e indústrias petrolíferas sejam as mais lucrativas do país. O problema é que a lógica da privatização, somente satisfaz aos países do norte, porque as empresas que compram as estatais de lá são e para lá levam o dinheiro delas, e o seus estados são os que lucram.
Assim, vemos estradas com pedágio e consolamo-nos dizendo que estas estão em melhores condições, porém, já pagamos o imposto do carro que deveria ser usado para manter as estradas (isso é apenas um exemplo do pedreste que lhes escreve), e a iniciativa privada fica a levar o nosso dinheiro, e o estado a levar o nosso dinheiro. Não podemos permanecer apáticos diante dessas situações. Temos que, de alguma forma, exigir que o estado seja o melhor gestor e querer que ele gerencie com extrema qualidade o que a ele deve pertencer para que possa reverter em benefício do contribuinte e não em salários astronômicos de deputados, que também estão a levar o nosso dinheiro.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Outono

O outono é deprimente. Gosto do frio, mas o outono é triste. O outono está para a natureza como a morte está para vida. O céu nublado, o dia a começar com frio, esquentar um pouco e depois esfriar novamente. As folhas, que deveriam estar nas árvores, estão no chão.
Há quem goste, mas eu detesto. As paisagens de outono são inegavelmente bonitas, mas apenas em fotos ou quando estamos em um lugar que não é onde vivemos. Pois, em nosso lugar, a metamorfose tenebrosa provoca arrepios. A paisagem deprime-se, depime-nos. Perco a vontade de fazer o que devo, torno-me apático. Fico com os nervos alterados e tudo me emociona. Não imagino quantos compartilham essa idéia comigo, mas os que responderem sim, entendem-me perfeitamente, os que não, acharão que isto é uma crise outonal.
Não sei se ambos acontecem de forma tautócrona, mas o outono arrebata-me. Tenho dificuldades para ler, escrever, ouvir música, relacionar-me com as pessoas. Fico feliz que ele acaba e vem o inverno com o frio que nos desperta para fazermos determinadas coisas que são típicas da estação. Porém, a indecisão e a inestabilidade do outono faz-nos refém dele. Hoje, está calor, projetamos situações para o outro dia que amanhace frio e chuvoso e temos de repensar o que fazer. Acabe incipiente outono, preciso de definições.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Condescendência

Estamos acostumando-nos com a condescendência, e esse teatro leva-nos a sofrer com a vida assaz duramente. O sim no lugar do não a fim de evitar-se um trauma, o dizer que tal tarefa desempenhada por alguém está excelente quando não passa de algo medíocre situa-nos no palco de um teatro diante de uma platéia preparada parra assistir-lhe. Assim, a platéia finge que é verdade o que está a ser representado, para que possa acompanhar e emocionar-se com o espetáculo da vida cotidiana, porém, sabe que não passa de encenação de uma peça canastrona ou pastelão.
Então, quando os humanos saem dessa capa protetora teatral, a vida traumatiza-os por si só. As pessoas caem e, dificilmente, reerguem-se, ou ficam por muito tempo caídas. E a condescendência vai deixando suas marcas em diversos setores. As crianças que tinham todas as condições de receber uma magnífica educação, sem preocupações financeiras, não aprendem que na vida há limites, crescem e usam a liberdade (essa utopia) como algo ilimitável. Porém, a liberdade de um deve respeitar a liberdade de outrem, pois, somente com uma liberdade consciente de seus limites é que pode existir de forma plena, na medida do possível.
Além do mais, a maldita condescendência deixa-nos inertes aos momento críticos que passamos. Ela nos cala quando percebemos algo de errado. Ela nos impede de ter discussões, pois as idéias não devem ser contrariadas, aprendemos isso na escola e fica arraigado em nossas consciências. Não discoredemos, porque podemos ofender. Ofensa é a hipocrisia.
Portanto, a condescência ataca em diversas frentes e imobiliza a sociedade quase que na sua totalidade, ou seja, o ato de ser condescendente institucionalizado esconde sua ideologia, cujo fim é não refletir, não ser crítico e deixar tudo como está.
Deixe alguns pontos de lado, pois fui condescendente. E descem as cortinas.

sábado, 18 de abril de 2009

Uma pequena reflexão

Como as coisas passam a existir? Não falemos de caráter genealógico da totalidade do que existe, senão de como o que não existia vem à luz.
O que não havia sido inventado até o momento era algo que não existia, certo? Em partes. Pois as coisas não surgem do nada, sempre há algo prévio que se junta a outro objeto resultando um terceiro, ou as coisas são adaptadas para virarem outras, portanto elas já existiam em potencial. Mas, e o que não sabemos que existe, existe? Essa é a pergunta chave. Se eu não sei que algo existe, para mim isso não existe e somente passa a ter existência depois que o conheço. Pensemos, em uma planta que existe na Amozônia e que ninguém, no mundo, conhece-a até então. Essa planta tem como propriedade a cura definitiva da AIDS. A cura dessa terrível doença não existe, pois ainda não a conhecemos, porque no dia em que se achar, catalogar, estudar a dita planta, descobrir-se-á a cura. Porém, a cura sempre existiu, estava ali, na Amazônia, a esperar que a encontrassem.
Não busco divagar sobre o assunto. Contudo, essa divagação leva-nos a observar que seria quase impossível afirmar que uma porção de objetos ou soluções não existam. Apenas, elas podem ainda não haver sido descobertas, perduram pelos anos a ser coisas em potencial.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Feira do livro de Santa Maria

Reclamamos sempre que o país tem índices de desenvolvimento humano baixíssimos, protestamos contra o descaso com a educação. Mas esses pontos são, na verdade, somente o produto do funcionamento da sociedade de países subdeselnvolvidos, especialmente o nosso.
Vivo, em uma cidade chamada Santa Maria, de, aproximadamente, 280 mil habitantes, que é conhecida como a cidade cultura do estado do Rio Grande do Sul. Imagine como serão as cidades que propiciam menos acesso à cultura do que esta. Uma agenda cultural na UTI, uma população que, em sua maioria, não está interessada em cultura, sem ter a maior culpa disso, pois os caçadores de diplomas são frutos da lógica de produção. Deveríamos estar expostos à cultura. Respirar, ver, sentir, tocar cultura. Porém, esta se resume a ambientes, praticamente, inexistentes. Raramente, um bom espetáculo dá o ar de sua graça neste centro urbano (vide a foto). Música? Somente pelo computador. Um museu consta nesta cidade, porém pouquíssimas pessoas sabem onde fica. Contudo, temos a feira do livro, alguns expositores, nada muito grande, mas temos. Está ameaçada.
Ora, o motivo da possível não realização da feira é a crise mundial. Há quem diga que ela não ecoa nestas bandas do mundo. O dinheiro que financiava a feira vem da LIC (lei de incentivo à cultura), ou seja, as empresas estavam isentas de um determinado valor de impostos, pelo dinheiro que davam para a realização da feira (assim funciona com grande parte dos eventos culturais das diversas áreas artísticas). Acontece que a crise acarreta a diminuição das vendas, a produção cai, os impostos diminuem e não há porque financiar a cultura. Que mecenato cruel!
O que fica evidente é que a cultura deveria ser uma responsabilidade pública, portanto financiada pelo governo, ou em parcerias público-privadas, e o que nos ficam são as privadas (entendam como queiram). Este assunto é bastante particular desta cidade, porém deve acontecer em uma grande quantidade de outras também. Gostaria de algum dia voltar a falar sobre cultura de uma maneira mais geral.
Porém, há uma boa notícia, nisso tudo, arrecadaram-se alguns fundos e a feira do livro acontece, com uma estrutura duvidosa e agenda indefinida. Graças a alguns mecenas mais conscientes e solidários com os mendigos culturais, e graças a Calíope, Erato, Melpômene e Tália.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Sentimento?

Que cilada jamais podermos expressar o que realmente queremos. Como pode-se observar, essa é uma inquietação recorrente que tenho e, portanto, sempre a ela torno. Não quero tornar-me chato, já o sendo, e também não quero ser um limitado que somente fala de um assunto. Porém, volta e meia, esse fato consome-me e tenho que tornar a mencioná-lo.
Fazer do objeto uma palavra é tarefa árdua e utópica, porque jamais o objeto será, plenamente, palavra. Situação que se agrava quando o objeto é algo somente interior, ou melhor, que tem seu princípio no interior. Como assim? Objetos concretos serão interiores também, pois quando os citamos, temos, em um primeiro momento, a sua apreensão e tornamo-los linguagem a partir de nossa perspectiva. Contudo, uma opinião, um sentimento, uma sensação são gestos que estão em nosso interior e, somente, convertem-se em "matéria" pela linguagem. Isso faz com que os sentimentos, denominando-os assim de maneira generalizada, não existam em si.
Talvez, estejamos a desafiar os lingüistas e filósofos da linguagem, porém, o que aqui está nasce de uma reflexão particular baseada em uma miscelânea de referências. Entretanto, sigamos.
Pensemos o seguinte: como sei que é saudade que sinto quando estou com saudade? Como sei que é medo o que tenho quando sinto medo? Sabemos que são esses os sentimentos e não outros, porque alguém nos disse que assim sentiam quando sentiam algo, sabemos, porque o dicionário disse-o, etc. Então, apropriamo-nos de experiências de outrem para orientarmo-nos em nossos sentimentos. Ou seja, os sentimentos são construções dadas, dos quais tomamos como nossos, para satisfazer a capacidade de expressão. Todavia, se acreditamos na idéia que nunca expressamos a totalidade dos objetos, sejam esses internos ou externos, recebemos uma idéia parcial e a expressamos parcialmente também. Assim, o aperto no peito de não saber se conseguimos dizer, realmente, o que sentimos, pode denominar-se impotência, mas nunca saberemos se o é.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Mi amigo

Hoy haré más que un intento, un ejercicio. Escribir en la lengua de Cervantes. A los nativos les puede parecer una prosa portuguesa, sin embargo, hoy, necesito escribir en español, pues quiero acercarme más a determinada persona.
¿Cómo funciona una amistad? ¿Qué tipo de hechos establecen que ahí ella existe? No sé si tengo una respuesta, aunque tenga algunas hipótesis. Lo que es de extremada importancia es un cambio. Sí, un cambio. Escuchamos cuando se hace necesario escuchar, hablamos cuando se nos hace imprescindible la palabra y callamos cuando el silencio es urgente. Lo digo, pues eso es ejercicio pleno para la creación, conservación y expansión de una amistad.
A veces, los roles se invierten, pues la vida cambia su rumbo, porque, quizá, este sea su único rumbo: cambiar, constantemente, de rumbo. Y quien cree que tiene el papel de proveedor pasa a ser provisto, no financieramente, sino emocionalmente. Por lo tanto, no es pérdida o problema que se apoye a quien siempre nos ha apoyado.
Es decir, las oscilaciones de la experiencia del ser humano, nos llevan a necesitar de la ayuda de quien a menudo ayudamos, y uno puede tenerlo con seguridad, que poder ayudar a quien nos ha ayudado, nos hace bien al espíritu, más, probablemente, que a la persona a quien ayudamos.
Y, aunque que creamos que es complejo pedir ayuda, pidamos pues al paso que la pedimos ayudando. Y esa ayuda no es algo filantrópico, sino el germen de la amistad, un cambio de opiniones, consejos, charlas, jamás limosna, jamás algo que lleve a la persona a sentirse humillada, pues no se imagina el bien que le hace al otro.
Lo mejor de la vida es tener amigos, que podemos ayudar cuando nos ayudan y ser ayudados cuando ayudamos. Y siempre, pensemos positivamente.

sábado, 11 de abril de 2009

Música

Rapidamente, pensem em dez músicos atuais que em suas letras haja um conteúdo plausível. Difícil? Eu o achei quando me propus esse exercício. A música, como as demais artes, caminha cada vez mais para o fundo do poço comercial. Inclusive possa-se dizer que a música e o cinema estejam mais envolvidos com o mercado que as outras artes.
Não é necessário dizer que existem excelentes músicos, excelentes livros, excelentes filmes, porém a massificação dessas áreas da arte tornou-as indústrias a tal ponto cujos deslocados são os que pensam na música como arte e não como um mero cifrão. O mercado determina por completo o aspecto que vai ter o som produzido, o poder, que tem seu estandarte na mídia, decide o que o mercado vai ouvir, por conseguinte o poder determina o que será produzido. Refiro-me ao poder hegemônico.
Assim, observamos as porcarias que são ouvidas e o desprezo por qualquer tipo de música que tenha um conteúdo de letra ou som que não seja aquela coisa grudenta feita para vender, que é tão simples e sem criatividade que chega passar a idéia que um primata é capaz de executá-la.
Digo isso, pois fico triste com a face das pessoas quando há uma reunião e coloca-se um cd com músicas interessantes e as pessoas querem ouvir o que ouvem na rádio, no ônibus, no supermercado, nas ruas, nos carros que retumbam com seus graves as músicas pelas ruas acompanhados do rosto do motorista, geralmente homem e jovem, que tem um sorriso estampado e uma expressão de que é superior ao resto do mundo. Maldito senso comum.
Creio que isso tende a piorar, pois com a expansão da universidade já temos um gênero musical chamado sertanejo universitário. Se esse sertanejo, que é exatamente igual ao outro entrou na universidade, quando as pessoas dela saírem e começarem a formar pessoas usando exemplos de letras sertanejas (não me refiro àquele sertanejo de raíz, se assim pode-se dizer) estaremos acabados.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Páscoa

Eu não entendo muito bem a páscoa. Não sei ao certo o seu significado bíblico, apenas a ressurreição. As pessoas reúnem-se, comem peixe, bebem vinho e depois se dizem atéias ou agnósticas.
As tradições penetram profundamente nos humanos. Come-se peixe porque Cristo comeu-o na última ceia, bebe-se vinho porque Cristo bebeu-o na última ceia. Creio que é por isso. Então age-se de uma determinada forma, porém esquece-se o porquê se está a agir assim. Veja-se o casamento. As pessoas importam-se com a cerimônia e seu glamour, porém desconsideram o ato da sagrada união. Prometem ser fiéis, traem em poucos meses, prometem estar juntos para sempre, mas no instante do juramento sabem que se as coisas não funcionarem, separar-se-ão. Na páscoa ocorre o mesmo, e vende-se peixe, muito peixe, pois não se deve comer carne na sexta. E domingo os que têm condições ganham chocolates. E a indústria movimenta-se. Porém, se repetimos os atos de Cristo na semana santa, no natal (natal e páscoa com minúsculas), por que nos damos presentes? Deveríamos dar presentes no dia dos reis magos e não uns aos outros, senão alguma espécie de “oferenda” a Cristo.
Estou a chover no molhado, todos sabemos dessas construções industriais e não vamos mudá-las, criticando-as. Porém, aproveitemos o feriado para colocar a cabeça no lugar, descansar um pouco, pois a vida segue depois dele. E nós, diferentemente de Cristo, não ressuscitaremos. Ainda bem, ou melhor, graças a Deus.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Menina

Na saída da faculdade, dirigi-me ao ônibus, como de praxe, e encontrei um veículo novo, como raramente acontece, equipado com um mecanismo que desce uma plataforma, na qual se coloca a cadeira de rodas, e com um controle fá-la subir. Dentro do ônibus há um espaço onde a cadeira é colocada e presa em um cinto de segurança e a sua frente uma poltrona para um acompanhante.
Obviamente, o intuito desta postagem não é realizar uma descrição do ônibus, nem louvar os ganhos da tecnologia, porém relatar-lhes um sucedido.
Acontece que me sentei perto do lugar destinado aos cadeirantes, e, nesse momento, o motorista pôs a funcionar o mecanismo. Quando a plataforma tornou a subir, vi o rosto daquela menina de, aproximadamente, nove ou dez anos de idade. O seu sorriso permitia observar a alegria que sentia por ser contemplada com o direito de ir e vir, algo que, infelizmente, não é comum em nosso país. A mãe da menina ficou ao seu lado, também muito feliz e comentava com a avó da cadeirante a maravilha que era aquele equipamento.
Custa pouco fazer a alegria de pessoas que quase nada têm, mas a ganância, muitas vezes, impede-o. Fazer com que as pessoas possam usufruir de seus direitos sem precisar da ajuda de outros é dever de todos. Confesso-lhes que me emocionou a felicidade da menina.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Conversas

Quanta experiência ganha-se em conversas despreocupadas com pessoas que cruzam por nós em diversos momentos. Refiro-me a situações, em certos lugares como a venda da esquina, o consultório médico, o bar que freqüentamos, e pessoas que, talvez, em outras condições não seriam alvo de assunto.
Pessoas mais velhas, geralmente, têm muito a oferecer, compartilham suas experiências de tempos idos e mostram algo que não encontramos na história e, às vezes, nem na literatura. Pessoas das camadas mais populares cuja percepção dos fatos é excluída dos cânones. Sujeitos que sentiram na pele as mudanças que afetaram a todos, mas que castigaram mais a elas, e muitas vezes têm dificuldade de expressar o que passou, mas o fazem da maneira que o sentiram.
Por vezes, agimos preconceituosamente e não damos valor a uma pessoa sentada ao nosso lado e, depois de perguntarmos se vai chover e estabelecermos a comunicação, observamos que quem pouco poderá oferecer, a essa pessoa, somos nós. É positivo aprender na vivência, trocar percepções que vêm de pontos de vista diferentes.
Portanto, é interessante não desprezar as pessoas, pois temos muito a perder com isso. Deixamos de descobrir um universo novo. Ouvir também é aprender, e ouvir histórias de outros é aprender como se viveu, para termos consciência de como viver.

sábado, 4 de abril de 2009

100 anos

Complicadíssimo transformar em palavras um sentimento, ou seja racionalizá-lo. Porém, não tenho como furtar-me de falar de um amor, uma paixão. Amor antigo, como o que temos por nossa família, paixão antiga como a que temos por nossas namoradas.
Na década de noventa, já o amava. Mas foi uma relação difícil. O meu rival levava a melhor quase sempre e eu sofria em silêncio ou bradando minha indgnação. Não havia visto o rolo compressor nem a academia do povo. Discutia com o rival, não entendo com que argumentos, pois, hoje, pensando sobre a década passada, eles tinham razão. Mas as coisas mudaram, a América conheceu-nos, o mundo viu que Davi pode vencer Golias. O mundo curvou-se, eu derramei rios de lágrimas de alegria, bem melhores que as de tristeza antes derrubadas.
É assim, meu Internacional, que quando completas 100 anos venho dar-te os parabéns. Não adianta, apesar do futebol haver-se tornado um negócio, os jogadores ganharem milhões, os dirigentes aparecerem e nós, torcedores, sermos apenas sujeitos anônimos, quando os outros passarem nós seguiremos a festejar e a sofrer, a zombar e a discutir. Pois, o clube do povo não é uma instituição, senão uma abstração, um amor que move montanhas, que nos deixa preocupados com medo dos tropeços, que nos deixa extasiados por suas glórias. Amor indiscritível e eterno.
Também não posso deixar de agradecer ao rival, pois sem sua grandeza nossas vitórias seriam menores. Obrigado, colorado. Tu és maior que tudo!

"Colorado, colorado, nada vai nos separar. Somos todos teus seguidores, para sempre eu vou te amar".

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Qual o sentido?

A que está vinculada nossa felicidade? Pois bem, sempre pensamos, imaginamos, projetamos alguns objetivos, alguns ideais de vida que nos garantiriam a felicidade. Contudo, o tempo passa e começamos a duvidar que tudo aquilo, antes desejado, converta-se em felicidade.
Castelos de esperanças começam a ruir em um átimo. A partir desse momento, aparecem perguntas não feitas outrora. Para que viver? Existe uma finalidade? As coisas necessitam de ter uma finalidade? Então, queremos ser pessoas de sucesso, que nossos desejos tornem-se palpáveis, porém, se pensarmos que o nosso fim será o mesmo, as coisas deixam de ter valor e passamos a viver por viver.
Ou seja, gozar as sensações que nos são positivas, sofrer com as que nos são negativas e contemplar a inexorabilidade do tempo. Este é poderoso, gasta-nos, tira-nos um pouco a cada momento, mas, também, dá-nos. Sim, dá-nos a vivência, a experiência. Para passar de um estado a outro se faz necessário o correr do tempo. Assim, podemos trazer a nossa memória o que já, por nós, foi experimentado, também mudamos nossa postura, pois nunca somos os mesmos, se não tivermos aprendido ou desaprendido nada, teremos, ainda assim, um minuto a mais vivido e um minuto a menos para viver. E, nesse instante, que passamos de um estado para outro, passamos da vida para a morte, que é o fim convegente para todos.
Isto é, não entendo qual o sentido da existência e também não tenho a arrogância de querer sabê-lo, pois disso se ocupa boa parte da filosofia há séculos. Enfim, talvez esse seja o sentido, querermos saber qual é o sentido sem jamais conseguirmos.
Portanto, se estamos perdidos, sem saber o objetivo da existência e sem a esperança de encontrá-lo, a felicidade não será coisas que conquistemos, pois estas são êfemeras como a vida, pois nela estão. Então, a felicidade nunca será mais que um momento vivido, um momento "morrido".

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Crônicas

Ontem ouvi algo que me fez refletir. Disseram que o gênero crônica passou a ser considerado literatura, pois, em nossa sociedade, atualmente, as coisas são descartáveis, o sujeito não tem tempo para pensar. Então, lê a crônica, com uma linguagem corriqueira, reflete alguns segundos sobre ela e depois joga-a fora. Concordo em partes.
Que quase tudo à nossa volta é descartável, penso que praticamente todos sabemos ou deveríamos saber. Inclusive as relações são descartáveis. Amigos, namoradas passamos um tempo com eles e quando já não os precisamos, jogamo-los fora. Que cada vez nos tornamos menos críticos, porque não temos tempo para refletir sobre as situações que nos rodeiam é algo observável. Chegamos ao extremo de que a mídia, que deveria ser "imparcial" (na medida que essa utopia permita-o), traz um discurso já pensado, que simplesmente devemos aceitar, sem muito discutir, haja vista que é um favor que ela nos faz, pois está a poupar o nosso tempo, pensando por nós.
Creio que a crônica, embora nos leve a uma reflexão rápida, leva-nos a ela. Portanto, é um exercício de introdução ao pensamento. Se vivemos em uma sociedade, em um tempo, que não temos espaço para pensar, e, por isso, somos, como são os animais, domesticados a cultuar a ignôrancia dos porquês, e aprendermos somente o ponto final, comecemos a treinar-nos para refletir sobre pequenas coisas, em uma linguagem simples, só assim conseguiremos subir outros degraus do pensamento crítico humano.
Fica em aberto a situação das crônicas do descobrimento.