Escutei a frase mais que conhecida por todos: "não entendo as mulheres."Obviamente, em um primeiro momento, não me estranhei e achei-a corriqueira. Depois, pensando sobre esse enunciado, dito por um homem, é tão óbvio como dois e dois são quatro. Pois a complexidade feminina é diferente da masculina e isso é inegável.
Como entender as mulheres? Mas, por que essa pergunta e não: como entender o ser-humano?Esta é bastante mais complicada e a filosofia a persegue há mais de dois mil anos. O ser e sua complexidade vai muito além de uma discussão sobre gênero, pois acho que é tão difícil para um homem entender a mente, as vontades e preferências de uma mulher, quanto para um norte-americano entender esses quesitos, mencionado acima, de um iraniano. Apesar, neste caso, de tratar-se de culturas diferentes, as nossas posições e nossos gostos estão intimamente ligados à nossa trajetória (tomando um conceito de Bourdieu). Mas as mulheres, assim como uma cultura diferente da nossa, foram excluídas historicamente. Peguemos os estudos de Freud, para não remontarmo-nos à história mais antiga, quase não menciona a mulher e seus estudos são quase todos focados para o homem. Não pensemos isso em termos de machismo pois estaríamos sendo anacrônicos.
Homens e mulheres são diferentes ,têm aptidões e comportamentos diferentes porque são socialmente construídos e até que se reconstruam isso continuará sendo como o é. A questão é que para as mulheres também é complicado entender os homens, sua baixa sensibilidade e seu desprezo por quase todas as formas de estética (isto, fique claro, é uma grande generalização dos gêneros). E, esses pontos são os que os aproximam, e muitas vezes os afastam, a vontade de um ter o que falta ao outro. Mulheres são diferentes dos homens, mas, principalmente, diferentes entre si. Assim um negro é diferente de um branco não pela cor, mas porque são dois seres diferentes, com suas sinuosas trajetórias percorridas de forma diferente ao longo da existência.
Troquemos nossas afirmações e digamos em primeiro lugar:"eu não consigo entender minha mente, imagine a do outro."
8 comentários:
Muito bem. Quase o mesmo que eu andava pensando. Claro que não cheguei ao ponto de pensar em um norte-americano entendendo um iraniano, mas pensei sobre homens entendendo mulheres e vice-versa e cheguei na óbvia conclusão de que isso é praticamente impossível exatamente pelas diferenças de, como tu diz, trajetórias. E tão difícil como é para vocês, homens, entender nós, mulheres, é para nós entendê-los, mas acredito que está aí um grande motivo para continuarmos tentando, assim como tentamos entender mãe, pai, amigo(a) e irmãos, porque acho que são com estes tipos de relações que formamos nossas idéias e aprendemos sobre nós mesmos, sobre como reagirmos nos diversos conflitos das relações "interpessoais" e assim vamos evoluindo e criando mais coisas em nós para serem descobertas...
Muito bem. Somente posso concordar. Pois também acho que essa busca enriquece-nos e deve ser incessante.
Rodi, magnífico o que tu escreveste. A comparação que fazes com a compreensão entre os povos e raças constitui também as relações de gênero, aí é que entra o equívoco de muitas pessoas: gênero não é mais entendido como sinônimo de sexo, ou seja, as relações entre homens e mulheres (demasiado biologizante, por sinal), mas como relações de poder que são construídas socialmente, como já havias dito, e que encontram no seu cerne qualquer relação - obviamente conflituosa - entre homens e mulheres, entre negros e brancos, israelenses e palestinos, patroa e empregada, relacionamentos homossexuais etc.
Bom te ter de volta, vai ser ótimo conversar contigo de novo, terei muito a apre(e)nder
Gabi, esplêndia ponderação. Eu fui por Bourdieu, mas poderia ter aboradado o tema pelas relações de poder que fazem, dos indivíduos, sujeitos, e usar Foucault. Mas aí está o espaço para que o completem de maneira fascinante.
Sou amiga da Josi e ela me mostrou o teu Blog. Achei tuas i´deias e ponderações maravilhosas por este motivo resolvi te seguir gostei muito do texto prabéns!
Muito obrigado. Fico bastante feliz porque gostaste. Podes usá-lo a exaustão. Comente, opanha-se. Espaço livre.
Me encanta a tua sensibilidade. Me encanta também que seja você, a mesma pessoa que vocifera "meRRRda", com tanta propriedade. (rs)
Beijo!
Obrigado, Nívea!
Sou dois opostos num mesmo ser.
Beijos
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