sábado, 28 de março de 2009

Poesia

A poesia, quando surgiu, na Grécia, não era vista como arte, mas como uma maneira de chegar aos deuses. Os homens iam às grutas consultar os oráculos, ficavam a gritar enquanto este canatava as previsões. Os helênicos, tinham, então, na poesia a materialização das divindades.
Na era clássica, renascimento até o neoclassicismo, a poesia era uma arte feita por um indivíduo, mas que representava percepções coletivas, havia uma regra formal, uma maneira predeterminada de fazer poesia, obviamente que se tinha de perceber a "realidade" desde o ponto de vista de um ser específico, mas o homem era parte de uma coletividade. Com a modernidade e o aparecimento do romantismo a poesia passou a ser original, a representar os anseios de uma sujeito específico. Não quero fazer a história da poesia, mas apenas situar-nos, que esse gênero não deve ser visto como algo para desocupados ou para quem tem uma sensibilidade diferente dos demais.
A questão é que a poesia já uniu coletivamente os homens, e mesmo quando representa uma percepção completamente individual do que é interior ao ser ou exterior filtrada pela percepção, ela nos traz conhecimento sim. Não um conhecimento cintífico ou histórico, embora este último venha implícito, a poesia mostra-nos que podemos perceber as coisas de outra forma e não somente da maneira que estamos condicionados a fazê-lo. Ela nos ensina a sentir, ou melhor, a notar como os outros percebem o sofrimento e materializam-no. Aliás, materializar em palavras o que se sente, ou como se sente, ou como se percebe o exterior ao sujeito, com habilidade e loquacidade, por mais conciso que seja o poema, é muito difícil e não é terefa para qualquer um.
Porém, em nosso tempo, falta-nos este último para podermos apreciar e sentir os fatos. Tudo é muito rápido e se sofremos necessitamos recuperar-nos, pois devemos seguir produzindo, porque tempo é dinheiro. Conheçamos a poesia, visto que assim conhecer-nos-emos melhor.
PS: deixo aqui, as já por todos conhecidas palavras de Fernando Pessoa:
" O POETA é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega fingir que é dor
A dor que deveras sente."

Um comentário:

frida disse...

Não há vida sem poesia...mesmo para quem não consegue sentí-la ela está lá pulsante de alguma forma no sentimento dos que a sentem...eu decididamente dependo desta fuga para seguir lúcida!