Todo o conhecimento prévio que temos, todo o saber humano constituído e discutido ao longo dos anos, nossas relações com os demais humanos retiram-nos a liberdade de pensar sem barreiras. Se dissermos que há uma restrição do pensamento, retomando idéias de Foucault ou Bourdieu, as quais nos indicam a liberdade do pensamento como algo inverídico. Somente pensamos no que temos a possibilidade de pensar. Questionemos que o homem não pensou no automóvel, no cinema, nas naves espaciais antes do momento em que se permitiu que assim se pensasse. Podem dizer-me que da Vinci pensou em determinados objetos muito antes do tempo em que fosse possível materializá-los, então os marxistas dirão que a sociedade não se havia tornado tão complexa a ponto de levar a cabo essas idéias. Certo. Mas há tipos de corrente que não são cadeadas assaz fortemente para impedir que se percebam tais idéias. O campo de possibilidades permitiu a um sujeito como Leonardo vislumbrar objetos em uma época cujo obstáculo de concretização impediu o seu processo de execução. Pensou em algo que não era exatamente da forma como existiu. Os artistas de vanguarda rompem com uma ordem tencionando ao máximo esta, para que depois haja a possibilidade de varrer o que não funcionou e acomodar o que servia. Por estarem na frente não quer dizer que estejam à frente, ou não.
O que quero relativizar é que temos elementos sociais, de época, culturalmente incorporados que cerceiam o nosso livre pensar. Se pensamos algo, que somente será pensado e executado muito depois, quando o pensamos não tem valor de pensamento coerente. Se pensamos algo que modifica o mundo e se leva a cabo, é porque já havia os elementos disponíveis, ou seja, pensamos a partir de um ponto final de alguém. Portanto, estamos livres para pensar o que pode ser pensado.
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