segunda-feira, 30 de março de 2009

Sentir na pele

O senador da república, Cristovão Buarque, propôs um projeto de lei cujo conteúdo é que os filhos de parlamentares estariam obrigados a estudar em escolas públicas. Ótima idéia, porém imaginamos qual será o seu fim. Provavelmente, muito provavelmente, não será aprovada e o descaso com a educação pública siga o mesmo.
Esse projeto, do ex-reitor da UNB, se aprovado fosse, causaria uma modificação na estrutura educacional do país, pois os legisladores e defensores do patrimônio público e cultural teriam que pensar em uma estrutura que atendesse aos próprios filhos. Pois, em uma escola, nos padrões da atual é mal pensada, ou melhor, bem pensada, mas para outros padrões de desenvolvimento educacional, temos, no papel, uma escola que se equipara com as dos países desenvolvidos, sem termos passado pelo processo histórico que esses passaram. Mesmo fim, mas caminhos diferentes. E os filhos dos representantes do povo não estudariam aí.
Não devemos negar que os parlamentares devem ser bem melhor como pais e mães do que como políticos, haja vista a quantidade de filhos que empregam em cargos públicos. Então, com a escola pública sendo o destino obrigatório para a sua prole, começariam a preocupar-se mais não apenas com a qualidade da educação, senão também com todas as desigualdade que são flagradas dentro de uma sala de aula de escola não privada. Desigualdades que são combatidas, em sua maior parte, com uma educação digna, mas também com uma gama maior de medidas que alterem a estrutura social do país.
Infelizmente, essa lei não será aprovada e a bufa seguirá a tripudiar do povo. Portanto, vamos pensar em outra lei, que fizesse os parlamentares pensar no povo, sendo diretamente atingidos pela necessidade de uso do que o estado proprciona: parlamentares, membros do executivo, do judiciário e as suas famílias somente poderiam usar o SUS! Esse projeto de lei, que ninguém propôs, é mais cômico ainda!

sábado, 28 de março de 2009

Poesia

A poesia, quando surgiu, na Grécia, não era vista como arte, mas como uma maneira de chegar aos deuses. Os homens iam às grutas consultar os oráculos, ficavam a gritar enquanto este canatava as previsões. Os helênicos, tinham, então, na poesia a materialização das divindades.
Na era clássica, renascimento até o neoclassicismo, a poesia era uma arte feita por um indivíduo, mas que representava percepções coletivas, havia uma regra formal, uma maneira predeterminada de fazer poesia, obviamente que se tinha de perceber a "realidade" desde o ponto de vista de um ser específico, mas o homem era parte de uma coletividade. Com a modernidade e o aparecimento do romantismo a poesia passou a ser original, a representar os anseios de uma sujeito específico. Não quero fazer a história da poesia, mas apenas situar-nos, que esse gênero não deve ser visto como algo para desocupados ou para quem tem uma sensibilidade diferente dos demais.
A questão é que a poesia já uniu coletivamente os homens, e mesmo quando representa uma percepção completamente individual do que é interior ao ser ou exterior filtrada pela percepção, ela nos traz conhecimento sim. Não um conhecimento cintífico ou histórico, embora este último venha implícito, a poesia mostra-nos que podemos perceber as coisas de outra forma e não somente da maneira que estamos condicionados a fazê-lo. Ela nos ensina a sentir, ou melhor, a notar como os outros percebem o sofrimento e materializam-no. Aliás, materializar em palavras o que se sente, ou como se sente, ou como se percebe o exterior ao sujeito, com habilidade e loquacidade, por mais conciso que seja o poema, é muito difícil e não é terefa para qualquer um.
Porém, em nosso tempo, falta-nos este último para podermos apreciar e sentir os fatos. Tudo é muito rápido e se sofremos necessitamos recuperar-nos, pois devemos seguir produzindo, porque tempo é dinheiro. Conheçamos a poesia, visto que assim conhecer-nos-emos melhor.
PS: deixo aqui, as já por todos conhecidas palavras de Fernando Pessoa:
" O POETA é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega fingir que é dor
A dor que deveras sente."

sexta-feira, 27 de março de 2009

Pensar

Li uma frase, hoje, que é bastante disseminada: "somos livres para pensar". Ou seja, podemos pensar em qualquer coisa. Podemos pensar em que quisermos pensar. Contudo, pode-se problematizar essa sentença.
Todo o conhecimento prévio que temos, todo o saber humano constituído e discutido ao longo dos anos, nossas relações com os demais humanos retiram-nos a liberdade de pensar sem barreiras. Se dissermos que há uma restrição do pensamento, retomando idéias de Foucault ou Bourdieu, as quais nos indicam a liberdade do pensamento como algo inverídico. Somente pensamos no que temos a possibilidade de pensar. Questionemos que o homem não pensou no automóvel, no cinema, nas naves espaciais antes do momento em que se permitiu que assim se pensasse. Podem dizer-me que da Vinci pensou em determinados objetos muito antes do tempo em que fosse possível materializá-los, então os marxistas dirão que a sociedade não se havia tornado tão complexa a ponto de levar a cabo essas idéias. Certo. Mas há tipos de corrente que não são cadeadas assaz fortemente para impedir que se percebam tais idéias. O campo de possibilidades permitiu a um sujeito como Leonardo vislumbrar objetos em uma época cujo obstáculo de concretização impediu o seu processo de execução. Pensou em algo que não era exatamente da forma como existiu. Os artistas de vanguarda rompem com uma ordem tencionando ao máximo esta, para que depois haja a possibilidade de varrer o que não funcionou e acomodar o que servia. Por estarem na frente não quer dizer que estejam à frente, ou não.
O que quero relativizar é que temos elementos sociais, de época, culturalmente incorporados que cerceiam o nosso livre pensar. Se pensamos algo, que somente será pensado e executado muito depois, quando o pensamos não tem valor de pensamento coerente. Se pensamos algo que modifica o mundo e se leva a cabo, é porque já havia os elementos disponíveis, ou seja, pensamos a partir de um ponto final de alguém. Portanto, estamos livres para pensar o que pode ser pensado.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Politicamente correto

Escutamos discursos cada vez mais belos, sobre uma enormidade de assuntos, objetos, pessoas e presenciamos ações cada vez mais baixas, desprezíveis nas situações em que discurso dever-se-ia tornar prática. Não falo, diretamente, em situações cuja solução encontramos adotando uma postura quando atacamos e temos a postura de quem foi, por nós, atacado quando nos atacam, o que esvazia toda a justificativa de atacar, em outras palavras: dois pesos, duas medidas.
Essa postura, talvez, TALVEZ, seja uma maneira de defesa e de tentativa de vitória em uma sociedade na qual a competição é marca maior. Porém, a falta de ética, sem discutir muito o que é ética, pensemos em um postulado de valores, socialmente construídos (como tudo) e aceitos, tacitamente, pela quase totalidade de uma comunidade específica, a falta disso, que estamos chamando ética, chega a um grau assustador. O que é dito não tem a menor importância para quem o disse. Aceitar um convite e não fazê-lo valer, marcar uma hora e atrasar-se, dizer que sim, pensando em não, são pequenas atitudes que mostram a falta de comprometimento que temos conosco. Mas o pior de tudo é que isso não nos choca nenhum pouco, já esperamos uma conduta assim e ficamos felizes com as exceções do que deveria ser a regra. Observemos os políticos e a frase: "ainda há alguns políticos honestos"
Na academia, observamos discursos dos professores e dos colegas, quando são argüidos, que como professores que somos ou seremos, devemos "formar" cidadãos pensantes, críticos, reflexivos. Só há um problema, não pergunte, reflita ou critique tal asseveração, pois isso causa desconforto quase geral.
Além disso, temos a imperante conduta do politicamente correto, seja falso, não diga isso, embora pense, não se comporte de tal forma. E isso, está a transformar-se em nossa ética, e, portanto, estamos tornando-nos seres apáticos.
Somente não digo às pessoas que peguem a ideía de politicamente correto, o belo discurso hipócrita e as opiniões que não questionam e soquem no rabo, porque isso não seria politicamente correto.

domingo, 22 de março de 2009

Domingo

Nossa incapacidade de viver o presente aparece nos menores e mais corriqueiros fatos de nossa experiência. Vejamos como é ruim o domingo para nós.
O dia que antecede o primeiro dia útil da semana, em nossa cultura ocidental, é um dia bastante deprimente para muitos. Ora, antecipamos mentalmente o que devemos, esperamos ou queremos fazer no dia posterior. É um sentimento de algo que termina, como tudo na vida, é uma sensação cuja dificuldade de explicar, impede-nos de entender também. A sensação do fim do período de descanso é pior que o fim do tempo de descanso. Observamos como é complicado, em nossa sociedade, aproveitar o momento que realmente vivemos. Ficamos geralmente com a retrospectiva e a projeção. Um momento, geralmente, é melhor quando já está no passado ou ainda é futuro. A espectativa e a lembrança são melhores que a execução em si.
Em relação ao domingo, também podemos inferir uma ideologia de nossa sociedade. A produção como qualidade suprema e o ócio como um desvio. (Mãe falando com o filho que está sentado a ler um livro) "Você, que não está fazendo nada aí, vem me fazer um favor." Pois é, complicado isso que está entranhado em nós e aparece em diversos momentos.
Enfim, muitas vezes falamos em mudar a sociedade, porém não percebemos o quanto ela está dentro de nós, com ideologia, conceitos e visão de mundo. Rezumindo: odeio domingo!

sábado, 21 de março de 2009

Verdade

Somente podemos transmitir mensagens, pensamentos, conhecimento e experimentar sensações através da linguagem. Qualquer tipo de linguagem. Seja ela a língua, os sinais, os ícones, a música, etc. Então, por qual motivo julgamo-nos donos da verdade e da razão?
Explico-me. Se a linguagem materializa o que pensamos ou sentimos, ou faz com que percebamos e experimentemos a vida, nenhuma experiência é imediata. Elas são mediadas pela linguagem, portanto, sentimos, por assim dizer, em segunda instância. Além do mais, as linguagens são construídas, logo o que sentimos é construído. Parece óbvio. Mas o difícil é pormos isso em prática.
A percepção do outro quase nunca é levada em conta quando discutimos algo com paixão, porém ele tem outra verdade completamente ou, ao menos, nunca idêntica à nossa. Com o passar do tempo, as idéias e os valores de determinada sociedade alteram-se, portanto alteram-se a realidade e as verdades relativas aos mesmos objetos e fatos. Mas esses objetos e fatos já não são os mesmos, pois eles se alteraram para nós e nós os alteramos.
Ou seja, a única verdade é esta: não existe verdade. Então, essa não é uma verdade, mas se ela não é uma verdade, existe verdade, e assim infinita e paradoxalmente.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Caos

Como é difícil tratar de "ciências" humanas em nossa sociedade. Temos, desde o princípio de nossa criação (familiar), ensinamentos cujo objetivo é desenvolver uma capacidade lógica e prática em nós. Somos acostumados a pensar nas coisas em linha reta e a classificá-las conforme paradigmas socialmente construídos. Como é inteligente aquele menino que consegue executar tarefas de organização lógica. Como é arguta aquela menina que consegue perceber a que família pertencem os objetos que a rodeiam. Porém, quando pensamos na filosofia, literatura, ciências sociais, etc. vemos o quão caóticas são essas áreas do conhecimento.
Provavelmente, neste momento, haja algum leitor que esteja contestando o termo caótico, concebendo-lhe valor negativo. Se esse fato ocorreu, verificamos como valorizamos a lógica no sentido de: maneira de raciocinar. Pois não pensemos no caos idealístico como algo defectivo, senão como uma outra forma de ver o funcionamento das coisas.
Se começamos a problematizar os fatos, notamos o díficil que é a tarefa de classificá-los em grupos exclusivos ou inclusivos, pois não podemos tirar a utopia da liberdade do todo. Ou seja, quando definimos um determinado fato como correspondente a uma cela específica, retiramos-lhe a liberdade de, simultaneamente, ser outro.
Nós, seres humanos, somos de maneira tautócrona, homens ou mulheres, mães e filhas, sobrinhos e tios, provedores e providos, etc. Portanto, quando argüimos sobre a maneira caótica como se organiza (parodoxo) a área das humanas, respondem-nos que assim funciona o homem. O parodoxo é que é o ser humano é qume defende a lógica como um valor positivo e assaz estimável. Logo, essa é a prova do paradoxal e caótico que somos. Ficou claro ou texto está um pouco desorganizado?

quinta-feira, 19 de março de 2009

Manifestação

Já falamos antes sobre o problema do ensino no Brasil e, especialmente, no ensino universitário. Hoje, em uma situação limite houve algumas resoluções e encaminhamentos a respeito de um fato problemático do nosso ensino. Recapitulemos alguns dados para que o leitor melhor compreenda uma situação bastante específica.
Há dez anos, o curso de Letras da UFSM foi deslocado de seu espaço físico, ao que pertence política e financeiramente, este último, mais como provedor de recursos do que como alvo de investimentos. O nosso curso pertence ao CAL (Centro de Artes e Letras) do qual, em 1999, fomos deslocados por não haver espaço físico suficiente. Fomos, então, para o CE (Centro de Educação), porém, apenas, espacialmente. O prédio recém construído, que abrigaria o curso das áreas de educação, Letras e biologia deveria ter um uso compartilhado das salas. Há muitos anos, vemos uma situação de extrema dificuldade para o curso de Letras, que não consegue ocupar os espaços de que necessita. Há dois anos, ficamos sem salas de aula, fizemos uma manifestação, da qual, infelizmente, não participei, e conseguimos o espaço necessário entre outras vitórias. Este ano, a turma de calouros está há duas semanas sem aulas, e acadêmicos de outros semestres enfrentam enormes problemas por não haver salas.
A Manifestação consistiu em: fechar o prédio, por conseguinte, impedir a entrada de funcionários, docentes e acadêmicos, e somente foram reabertas as portas, após um comprometimento das autoridades competentes.
Conseguimos, graças a nossa luta, uma solução paliativa, para este semestre, porém o reuni está chegando, quando já não em funcionamento. E a pergunta que fazemos é: Para onde vão essas 1050 pessoas, sendo que as condições básicas para o ensino são indispensáveis, e não temos espaço, ou uma distrubuição funcional do espaço, para os que já estão na universidade?Que educação e ensino são estes?
Sigamos formando ignorantes que em pouco tempo a escassez de astutos será tal, que estes não serão suficientes para enganar, roubar, ludibriar e mandar nos ignorantes. Que belos filhos deste solo és, mãe gentil? Obrigado, pátria amada: Brasil!

segunda-feira, 16 de março de 2009

A angústia

A angústia é um sentimento complexo e difícil de ser exprimido, como a maioria dos sentimentos. De súbito, vem uma sensação que nos deixa tensos, com a impressão de que algo ocorrerá ou está a acontecer. Ali fica ela, a angústia, fanzendo-nos pensar em seu porquê, e, talvez, por essa razão aflija-nos mais, pois é raramente detectável.
Estamos angustiados, mas não sabemos a causa que nos levou a tal situação, quiçá essa incógnita deixe-nos mais angustiados, levando-nos, muitas vezes, à falta de ar, que, corriqueiramente, manifestamos com a expressão definida como coração apertado. Então, começamos uma busca por algo que desconhecemos. Uma busca do mistério que conduziu nossa mente a despertar um sentimento desagradável em nosso espírito.
Então, ficamos apreensivos de que isso não termine, ou torne-se algo mais sério como a depressão. Contudo, quando menos esperamos, olhamos para o lado e quando voltamos a olhar em frente, passou. Aquilo que nos desacomodava, e, portanto, muitas vezes, irritava-nos pela impotência de uma busca sem fim, esvai-se da mesma forma com que surgiu. Sem um motivo aparente (claro que diversas vezes conhecemos o motivo de nossa angústia) e ficamos sem saber o que aconteceu, o que se desacomodou em nós para que nos sentíssemos dessa forma.
Portanto, a angústia como sentimento que causa ansiedade, por falta ou medo de algo que não temos a completa certeza do que é, pode-se, simplesmente, dizer que é terrivelmente angustiante.

domingo, 15 de março de 2009

Rotina

Não estou relapso com o blog. O problema é que começaram as aulas. A tentativa de readaptação da rotina é complicada, com qualquer tipo de rotina. Fazíamos muito e em horários que bem entendemos, porém com as aulas voltamos a ser escravos do relógio, embora discuta-se e critique-se muito isso na sociedade, as aulas reproduzem exata e paradoxalmente essa pressão do tempo. Devemos fazer uma porção de tarefas até um determinado prazo. Devemos ter a cabeça em perfeito funcionamento operativo, com tecnologia digital. Porque temos que passar de um tema a outro completamente diferente do primeiro em milésimos de segundos. É fácil, basta abrir outra pasta mental, despejar os arquivos recebidos, minimizá-la, para poder abrir mais uma pasta e despejar outros arquivos. Infelizmente não sou uma máquina, e acho que desejo reiniciar-me.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Palavras letais

O que desperta em nós para que cometamos atos impensados?Talvez, uma essência de nosso âmago, talvez, um subterfúgio social, para escaparmos de um comportamento pré-determinado por normas sociais.
Digo isso porque as palavras ferem tão profundamente, que, quiçá, sejam as feridas menos cicatrizáveis, e as palavras novas que vêm, como remédios analgésicos, apenas atuam momentaneamente, pois palavras que ferem não são curadas com palavras que acalmam, somente são deslocadas e ficam a ecoar em nossa memória, não apagam as outras. Perdão vale menos que te odeio. Isso é triste!
O que já há muito tempo foi dito de bom parece desfazer-se e ter duração ínfima em comparação com o que de ruim foi enunciado.
Portanto, palavras não são apenas palavras, embora algumas possam-no ser, palavras são armas letais, que machucam pessoas e terminam com esperanças, apesar de não serem o que deveriam ser, ou que jamais deveriam haver sido.
Não controlamos o sentido do que falamos, mas o dito, dito está e assim como a morte e o tempo não se pode voltar atrás. Embora fora dito sem valor para quem o disse, pode ter grande valor para quem o ouve.
Então, que as palavras ditas não possam ser remediadas, pensemos que remediadas estão, e façamos com que novas palavras sejam clamadas e superem o eco das que não deveriam ser desferidas.

terça-feira, 10 de março de 2009

Atrasado

Penso haver cometido uma gafe. Deixei passar em branco o dia internacional da mulher. Explico-me, contudo, que tal gafe é muito pequena devido a concepção que tenho da mulher.
Está escrito, em outra postagem, que não devemos fazer uma diferenciação por gêneros. Homens e mulheres são diferentes, pois os seres são diferentes entre si. Entendo, todavia, que o dia 8 de março é uma data de afirmação, pois ainda não temos a cabeça o suficientemente aberta para entender que, se aparecem mais homens ilustres na história, isso ocorre pelo caráter opressor cuja mulher foi tratada historicamente. Portanto, ainda necessitamos de uma data e de políticas afirmativas para podermos reparar a humilhação com a qual as mulheres foram tradas ao longo do tempo.
Se penso assim, não devo fazer um panegírico a vocês, mulheres, porém devo deizer, pois assim penso, que se homem veio do primata, a mulher veio do homem, sendo uma etapa mais a frente na evolução da espécie (isto é uma simples generalização arbitrária, ressaltando que creio difícil uma classificação por gêneros). Pois, a mulher tem a sensibilidade, tem a noção estética, tem o equilíbrio, tem a sagacidade de entender as situações humanas, tem uma beleza admirável que enche os olhos, e o mais importante: tem o direito a não ser explorada, a não ser julgada por homens e mulheres por fazer o que quer, tem o direito a ser respeitada e tratada de igual para igual. Esperemos que, em breve, o 8 de março seja uma data a mais no calendário e que as mulheres possam ser respeitadas diariamente. Obrigado, Mulheres.
PS: Não posso deixar de agradecer às mulheres de minha vida tudo que sempre fizeram por mim. Namorada, irmãs, amigas e, principalmente, Mãe!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Minha escrita

Hoje, disseram-me algo interessante: meu português é de uruguaio. Não entendi muito bem, mas fiquei horas a pensar em que se manifestava isso na escrita. Confesso-lhes que sigo sem saber. Porém, muitos que leram o que tive de escrever em espanhol disseram que a prosa era portuguesa. Aí está. Minha escrita deve residir em um não-lugar. Como já disse, pensei muito nisso e cheguei a ficar triste por ter uma escrita como acima descrita, agora acho que não há problemas, pois na melhor das hipóteses, com uma visão otimista-narcisista, ela é peculiar.

sábado, 7 de março de 2009

Agindo

Não sei se é gentileza ou falta de educação, com nós mesmos, quando fingimos que uma situação está a agradar-nos. Pois bem, lendo uma matéria de um jornal local, constatei a facilidade com que dois estelionatários enganaram a uma senhora de 64 anos. Fizeram-na deixar a sua bolsa com eles para que pudesse entrar em uma loja para receber um inexistente brinde, coisa que havia feito antes uma comparsa da quadrilha, deixando sua pasta com a senhora, então esta foi instada em que não havia necessidade de carregar a sua bolsa pois a menina já havia confiado na senhora, portanto a senhora não teria motivo para não confiar na moça.
Ou seja, a senhora foi levada a agir, em um momento de indecisão, de forma gentil, não haveria motivos para quebrar a confiança da moça que ela nunca vira antes. É muito complicada essa atitude que temos, geralmente, de fazer diversas coisas que não nos agradam, porque os outros demandam-nas. Claro, a vida em sociedade requer flexibilidade, em muitos momentos temos que recuar e fazer certas coisas a contragosto, porém, devemos muitas vezes impor-nos e negar-nos a agir conforme os outros desejam.
A vida é feita de escolhas. Saibamos escolher o sim, mas também precisamos, sem excesso, escolher o não.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Os dias

José Arcadio Buendía foi considerado louco, em Cem Anos de Solidão, por, entre outras coisas, crer que todos os dias eram os mesmos e por isso foi amarrado junto ao pé de uma árvore. Estranho encerrarmos os loucos, separá-los das pessoas "normais", mais estranho é haver loucos e pessoas normais, e mais estranho ainda é haver dias diferentes dos outros. Segundo Foucault, os manicômios e a loucura surgiram quando a sociedade industrial não tinha o que fazer com uma grande massa de pessoas, que dificilmente seriam absorvidas por esta.
E os dias? Por que motivos são diferentes uns dos outros? Não sei. Porém, se fizermos as mesmas coisas todos os dias, sentiremos a sua diferença. Primeiro porque nunca serão as mesmas coisas, senão coisas iguais feitas em outra dimensão temporal, portanto não são as mesmas. Agindo assim, podemos sentir a monotonia de uma rotina, ou a disciplina de uma vida regrada, como queiram. Quando há um feriado, muitas vezes dizemos que parece domingo, e por conseguinte, se o dia posterior ao feriado for uma quarta, passaremos boa parte do dia pensando que é segunda. Interessante é que as 24 horas do dia, definição arredondada que nos dá um dia a mais a cada quatro anos, foram formuladas para termos um calendário e organizarmo-nos em função disso. Porém, os dias na verdade não são diferentes uns dos outros, são sempre os mesmos e conferimos-lhes números distintos no nosso desejo classificatório, e se alguém os faz diferentes somos nós, se pensarmos que todos os dias são iguais, fá-lo-emos iguais. Então creio que soltarei José Arcadio da árvore, pois ele viu muito bem o nosso mundo e dir-lhe-ei que cuide das formigas pra que elas não comam, futuramente, ninguém.

quinta-feira, 5 de março de 2009

1,2,3 Collor outra vez?

É incrível a epidemia crônica de alzhaimer que vivemos em nosso país. Sempre é assim. Esquecemo-nos da ditadura militar, não ouvimos e nem requeremos explicações sobre desaparecidos e presos políticos, simplesmente pagam-se indenizações, mas não divulgam-se os fatos. Esquecemo-nos da ditadura Vargas e temos o ex-presidente como o melhor que o Brasil já teve, o pai dos pobres. Getúlio fez muito pelo país. Criou leis que defendiam o trabalhador, as mães, fez Petrobras e foi importantíssimo para o desenvolvimento industrial brasileiro, também perseguiu, prendeu, torturou e entregou para os nazistas uma quantidade assustadora de pessoas que não concordavam com sua postura. Cômico que estes últimos feitos sejam esquecidos pela memória coletiva. O juiz Nicolau dos Santos Neto, que desviou 180 milhões de reais do nosso bolso, haja vista que era dinheiro público, está em casa, preso, mas em casa, custando outros tantos miles de reais aos cofres públicos.
Porém, no jogo da politicagem (porque no Brasil parece não haver política), os fisiologistas do PMDB demonstraram não temer a memória do povo. Sarney e Renan Calheiros, em mais uma de suas antigas e "caciquistas" articulações políticas, elegeram o ex-presidente Fernando Collor para o comando da comissão de infraestrutura do senado. Incrível: Collor outra vez? Pois bem, observamos, novamente, que, nesse jogo sujo, vale tudo. Os votos que elegeram José Sarney como presidente do Senado são os mesmos que elegeram Collor. Havia um acordo entre as partes. Enquanto o PMDB continuar a ser a maior bancada do senado, seguiremos a assistir a tais demosntrações, porque desde a reabertura política esse partido sempre esteve no governo. Só não sei se alguém lembra .

quarta-feira, 4 de março de 2009

Mais e menos

Os dias estão a passar mais rapidamente e notamos que uma coisa mais é uma coisa menos. Então, um livro que terminamos de ler e pensamos ter lido mais um, se conseguíssemos vislumbrar os fotos desde a linha chegada, alcançaríamos a triste resposta de que esse foi menos um livro em relação à totalidade que leremos durante a nossa existência.
Essa lógica que temos, nós ocidentais, de ficar felizes ao terminar algo é completamente oposta à maneira como encaramos a morte. Pois, sempre que terminamos um trabalho, uma gestação, uma idéia, uma refeição, sentimo-nos felizes por o termos feito. Comemoramos, inclusive, o começo de um novo ano, que acontece no átimo subseqüente ao término do qual estávamos a viver, ou seja, para nossa percepção são, praticamente, acontecimentos simultâneos. Contudo, choramos, deprimimo-nos, não aceitamos a morte como fim de uma existência. Deveríamos orgulhar-nos com a morte. Claro, que a nossa própria morte não teríamos como festejá-la, haja vista que estaríamos mortos.
Mas, essa lógica é tão lógica, que, logicamente, não comemoramos a morte, mas festejamos nosso aniversário, que é um ano de vida mais, sem pensarmos que é um ano de vida menos.
Parabéns a mim que neste momento escrevi um texto mais, ou um men...

terça-feira, 3 de março de 2009

Futuro

Qual é o meu futuro? Essa pergunta assusta-me ao ponto de deixar-me em pânico. Quando éramos crianças, talvez vivêssemos de maneira mais real do que agora. Explico-me: a realidade é o presente. O futuro e o passado estão sempre dispostos em referência a um marco temporal que é o agora, mas um agora extremante fugaz e inapreensível. Portanto, o que vivemos, o que já fez parte de um presente que não existe mais, também não existe mais, é somente bagagem, lembrança, experiência, com as quais aprendemos algo, ao menos para sabermos que podemos cair no mesmo erro outra vez. Já o futuro é projeção de algo que pode não acontecer. Porém, o novo, o desconhecido é completamente assustador.
Se pensarmos em que faremos daqui a cinco, dez, vinte anos, podemos visualizar imagens românticas e belas de um futuro brilhante, um ponto de chegada, um ponto já findado, sem preocuparmo-nos, ou melhor sem que nos ocorra a quantidade inexorável de obstáculos que enfrentaríamos. Ou, em uma visão pessimista, um futuro incerto, no qual somente os obstáculos aparecem, sem que se nos mostrem as soluções. Provavelmente, quando essas dificuldades materializem-se em um momento presente, que ainda é futuro, encontremos soluções e fugas, ou seja, saídas para esses problemas.
E todo o tempo que estivermos a pensar em nosso futuro, estaremos perdendo, ou talvez malgastando o tempo real, presente, que nos serviria para uma construção objetiva de um futuro, consolidado no presente. Não importa ser racional em momentos como esses, pois, pensar em nossa realidade futura, em quem ainda estará a viver conosco esse futuro é aterrador e passional! Tenho medo do futuro, porque pensar em temer o futuro é viver, mas viver mal!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Vasto mundo

Não te sentes pequeno perante a imensidão do tudo? Pois, cada vez sinto-me menor. A impotência de saber que somente conheceremos, aprenderemos e reteremos uma ínfima parte de todas as possibilidades existentes é aterradora. Descarta-se a mágica idéia de conhecer todos os lugares, doutrinas, pessoas, obras de artes, etc. existentes. É-nos oferecido um vasto mundo que sabemos de antemão ser inatingível em sua totalidade, porém sabemos de sua existência. Ora, se isso assola-nos, imaginemos as pessoas que têm, infinitamente, menos possibilidades de que as nossas. Ou seja, pessoas cujos objetivos são ter uma moradia com água encanada.
Terrível mundo, que nos mostra quase tudo e dá-nos quase nada!