sexta-feira, 26 de junho de 2009

De que mundo?

Qual será o trabalho do sujeito empírico na criação literária? Pergunto isso, porque fico a pensar que colocamos a arte em lugar que estaria fora do real, ou seja, quando nos referimos à arte como ficção estamos colocando-a em um plano de objetos inventados, que não são reais. Costumamos ouvir asserções do tipo: "não é de verdade, é só um romance.", ou "a poesia não faz sentido, é pura imaginação." Certo, mas onde se localiza a imaginação? E o produto dela?
Primeiro devemos deixar claro que, este texto, é de base impressionista, sem suporte teórico, ou quase sem este. Pensemos, na arte, como produto da imaginação humana dentro de uma sociedade, pensemos nas grandes invenções (refiro-me ao carro, ao computador, à tudo que é considerado efetivamente bom dentro da sociedade burguesa) como produto da imaginação humana dentro de uma sociedade. O que torna diferente a televisão do automóvel, o automóvel do computador, o computador de Madame Bovary? Isto é: baseado na problemática da invenção humana. A literatura está inserida em nosso meio, é parte constituinte e construtora da sociedade. A imaginação humana é capaz de criar coisas incríveis, como o Ulises, de Joyce ou Tabacária de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, e todos podemos usufruir disso para um fim "prático", conhecer a literatura.
Portanto, é óbvio que não somente a literatura, mas as artes em geral têm o estatuto de real, e são parte da realidade, pois são invenções do homem como tudo o que nos rodeia, não são de outra dimensão ou de outro mundo e vêm materialmente para nós através de um gênio que faz as vezes de mediador entre esse mundo imaginário e o mundo dito real. O que não vai ser pensado, neste momento, é que se não houvessem sido aqueles homens que criaram aquelas obras, outros teriam-nas feito?


Um comentário:

Anônimo disse...

Bom. a leitura amado, Rodrigo.

Costumo dizer que vêm como feto em nosso inconciente e sucessivamente, desaba com sua mão pesada, com seu impulso dilacerante como uma miscelânia louca de imagens e textos que vem e vão em nossa memória.

Posso perceber que assim ,ocorreu contigo enquanto escrevias.Sabe, não procure ser homem ou sábio o suficiente pra traduzi-las,deixe que elas testifiquem em sua mãos seu papel como ser humano, pensar em torno do que somos e do que seremos.Fume se possível,ou embebede-se do vinho não colhido na vileira, o do existêncialismo, fique absorto em você mesmo,e assim, entenderas o visível e o invisível platônico.Do que somos nós , querido ? do que chagas de experiências e momentos?somos de tudo um nada, e de um nada um todo!!

Beijos cheio de afeto!!