segunda-feira, 22 de junho de 2009

Maravilha!

Maravilha! Passamos muito tempo a dizer que, na sociedade moderna, tudo muda assaz rapidamente. Contudo, aqui no Brasil, não funciona dessa maneira, pois somos um povo ligado às nossas raízes, ressaltamos o valor do indígena e respeitamos os mais velhos.
Pensemos no Senado. O senado romano era composto por um conselho de cidadãos mais anciões, senex e seu nome era senatus. Observemos, a partir disso, como somos um povo intelectualizado, conhecedor da história e respeitamos tal premissa. Collor é nosso senador; Pedro Simon, Renan Calheiros (bastante jovem ainda, mas com longa carreira política), Jarbas Vasconcelos também o são, entre outros. Tivemos Jader Barbalho e ACM com cargo quase vitalício, e temos, ainda, Sarney o pai, o tio, o avô da pátria.
Nossos antropófagos modernistas estariam a regozijar-se, comemos, culturalmente, o de fora a fim de chegar à noção síntese de nosso povo, com o regional/cosmopolita. Observemos. Temos um cacique na presidência do Senado, nada poderia ser mais interessante, é o encontro do quase-âmago da civilização ocidental com a nossa cultura pré-colonial. Alguém que manda em sua tribo, em sua aldeia, e nas adjacências está a sua filha cuidando da oca. Mas, tudo isso seguindo as leis de direito, herança ocidental cujo descarte é impensável. Maravilha! O Brasil é símbolo da convergência de culturas. Somos pioneiros. E suponho que esse comportamento seja deliberado, por parte do cacique, haja vista ser ele um membro da Academia Brasileira de Letras, ou seja, um cacique intelectual.
O poeta, membro da ABL, ex-presidente da república, presidente do senado e, sempre, cacique sabe agir, é um grande político, basta que nos lembremos de suas posições políticas. Sempre esteve na situação, ou seja, é um cacique extremamente diplomático, sabe adequar-se ao que a situação exige, sabe contornar as situações com maestria, inclusive, se necessário, compartilhar, comunitariamente (como em várias culturas ameríndias), o bônus de sua função com os demais pajés. A prova disso é sua declaração de que a crise não era sua, mas da casa. Enquanto isso, os índios de sua família engajam-se, zelam pela pátria (maravilha! Esse senso de doação e solidariedade) empregados em cargos públicos.
Os demais índios ficam em suas ocas assistindo ao ritual de soerguimento da nação em prol do cacique. Opa! Enganei-me, é o cacique que trabalha em prol da pátria, e essa é, provavelmente, uma palavra com um conceito que nós, índios, não o entendamos muito bem. O único problema de nossos senex cacique, ou sênior, é que à medida que a idade passa, a memória começa a fraquejar, e o nosso senador, algumas vezes, esquece-se de notificar o emprego, por parte dele, de algumas pessoas que mantêm com ele relação familiar. Maravilha!
P.S: sem ofensa aos índios!

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