sexta-feira, 15 de maio de 2009

Alforriemo-nos

No último 13 de maio, celebrou-se a abolição da escravatura que ocorreu no mesmo dia há 121 anos. Mais de um século depois, observamos como certas atitudes arraigam-se em nossa sociedade e por algum motivo, sem especular Carl Jung, passam de geração para geração e, no terceiro milênio, ainda temos condutas provenientes da era anterior à Revolução Idustrial.
O preconceito e a discriminação não acabaram, apenas se escondem embaixo do tapete de cada um de nós. As atitudes de cada um de nós frente a situações envolvendo pessoas negras faz pormos a mão na consciência para pensar como a escravidão se deslocou, mas não acabou em nossas mentes. Basta, notarmos situações corriqueiras como: um negro mal vestido vs. um branco mal vestido; o salário de um negro vs. o salário de um branco; e a maneira com que nos referimos a um negro: o moreno, como se essa condição política que é ser negro, pois negro é quem se diz negro, e afro-brasileiros somos quase todos nós que nascemos deste lado do Atlântico, fosse pejorativo. Quase todos somos, simultaneamente, africanos e europeus. As palavras ferem, mas os eufemismos também.
Tentemos abolir a escravidão em nós. Darmos a alforria a humanidade que tão precisada está de tolerância e mentes realmente modernas e não simplesmente discursos politicamente corretos e ações assustadoras. E comecemos dando lugar e voz a todos aqueles que merecem e devem ser ouvidos. Pois, nunca deixamos que contassem a sua história. Sei muita coisa da parte da minha família que veio da Europa, e tudo que sei sobre a avô de meu avô é que era negra.

2 comentários:

εϊз Anne Cris εϊз disse...

Começemos agora a nos declarar "afro-descendentes", que é o que somos em grande maioria....e alforria a todos que precisam de liberdade para pensar e criar!

Rodrigo Bentancurt disse...

Exatamente. Liberdade para criar e pensar depende da alforria.