Há uns dez anos, eventualmente, minha mãe me pedia para realizar a tarefa mais abominável para a maioria dos adolescentes: arrumar a cama. Fastio imenso. Então, ia minha mãe revistar o trabalho e dizia: “Mas, Rodrigo...” com esse costume de linguagem que ela tem: começa as frases com uma adversativa, mostrando que a distância entre o raciocínio e a enunciação era longa. Isto é, ela já havia pensado algo anteriormente e, quando se deu o ato de enunciação, a outra coordenada tinha sido escamoteada. Dizia ela: “Mas, Rodrigo, esse lençol está do avesso!”, mas por quê? – perguntava eu, mostrando a herança linguísitca – “Porque a estampa não está para cima”. Claro, isso era lógico. Lógico? Não, apenas uma convenção. Eu colocava o lado da costura para dentro, logo, meus padrões não eram estéticos; minha mãe diferia de mim, mas acompanhava a maioria. A aparente futilidade das conversas caseiras nos esconde pequenas pistas desta coisa “organizada”, “plena”, “estanque” e “natural” que é o mundo. Na verdade, certo estava Borges: “Nosotros hemos soñado el mundo. Lo hemos soñado resistente, misterioso, visible, ubicuo en el espacio y firme en el tiempo; pero hemos consentido en su arquitectura tenues y eternos intersticios de sinrazón para saber que es falso.”
Quero deixar claro que as idéias fascinantes não o serão a todos, mas idéias que me fascinam e por isso acho que devo compartilhá-las.Porque elas chegam e arrebatam-me e não consigo mantê-las comigo. Vamos debatê-las
sábado, 10 de dezembro de 2011
Lençol
domingo, 27 de novembro de 2011
Olhares
Hoje, almoçando em um restaurante, havia uma família na mesa ao lado. Pai, mãe, uma filha de aproximadamente dez anos e outra de uns sete. Percebo que o patriarca tem os olhos azuis muito claros. Viro para a mãe de uns olhos castanhos de muita expressividade. A menina mais velha tem olhos castanhos mas sem a expressividade dos da mãe. Nos da menina havia uma ponta de raiva. Notei o que acontecia. Espero a menina mais nova virar-se e confirmo minha hipótese, esta tinha os olhos azuis do pai, contudo, havia uma tristeza naquele olhar. Isso me surpreendeu.
Estava até o momento pensando que a menina mais velha sofrera, como quase todos os primogênitos, o ciúme de ver a mãe grávida, esperando um filho que dividirá as atenções até o momento apenas dedicadas a ela. A menina nasce com olhos lindos, escuta elogios que não são destinados à menina mais velha, o que vai gerando a raiva e o ciúme presentes em seu olhar. Então, a menina mais nova fala com a irmã mais velha, num tom que busca cumplicidade, mas não a encontra. A menina mais velha é ríspida, a mais nova se sente frustrada. Entendo, o que cada olhar carrega naquelas meninas.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Câncer da sociedade
sábado, 17 de setembro de 2011
Miséria
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Silêncio
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Actitud
*O assunto para essa postagem foi sugerido por Gabriela Barboza. Imensamente, grato!
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Auto-ajuda
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Inversão de valores
segunda-feira, 30 de maio de 2011
La palabra justa
Untitled from Rebelión on Vimeo.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Morte de Osama: morte da democracia
Lembro como se fosse hoje, bateu o sinal, no colégio onde estudava, terminando o recreio, e na televisão um avião batendo contra um prédio enorme; a imprensa relatando aquilo como um acidente, e o grande professor Ângelo dizendo-nos para assistirmos àquilo, pois poderia ser um atentado e a história estava sendo escrita diante de nossos olhos. Perceberam, obviamente, que falo do marcante 11 de setembro de 2001. Lembro também de imagens sendo veiculadas aos ataques de árabes festejando o atentado. A comunidade islâmica teve de explicar que as imagens eram antigas, de uma data festiva do mundo Árabe. Dez anos depois, depois de guerras contra os “terroristas”, que mataram mais civis que qualquer 11 de setembro, enfim matam Osama bin Laden.