sábado, 17 de setembro de 2011

Miséria



            Piscou os olhos, tentando ver o que acontecia. Ele. Ele mesmo. Tudo para si próprio. Caminhava e podia ver quantos mundos quisesse. Tudo a partir dele. Dele mesmo. Um amigo. Um herói. O herói. Sem pai, nem mãe, cuspido no mundo, escarrado no chão, jogado na lama. Lama da existência humana. Herói. Herói de si mesmo. Herói que aprendeu a aprender. Herói sem dó nem piedade, com dor e com vontade de ser herói. Herói de que mesmo? Herói de quem mesmo? Herói dele. Herói de si. Herói de si mesmo. Tudo o que sempre fora: ele mesmo por si próprio. Herói do mesmo, herói do nada. A gota de sangue escorreu pelo seu olho, fechando a história que nem ao menos começou. 

Um comentário:

bauferil disse...

Dicen que los grandes escritores lucen su magia en pocas líneas. Eso se comprueba empíricamente en "La noche boca arriba", donde en una página sólo, Cortázar demuestra toda su genialidad.
En este pequeño párrafo que escribiste, desplegaste lo que yo llamo "talento innato". Te felicito, porque mientras lo leía, sentía la miseria, sentía la incertidumbre, y sentía la grandeza del "héroe", y lograr hacer que un lector SIENTA, y lograr que eso pase en tan pocas líneas, no es otra cosa que talento puro... Felicitaciones, ¡me siento muy orgullosa de vos!