Lembro como se fosse hoje, bateu o sinal, no colégio onde estudava, terminando o recreio, e na televisão um avião batendo contra um prédio enorme; a imprensa relatando aquilo como um acidente, e o grande professor Ângelo dizendo-nos para assistirmos àquilo, pois poderia ser um atentado e a história estava sendo escrita diante de nossos olhos. Perceberam, obviamente, que falo do marcante 11 de setembro de 2001. Lembro também de imagens sendo veiculadas aos ataques de árabes festejando o atentado. A comunidade islâmica teve de explicar que as imagens eram antigas, de uma data festiva do mundo Árabe. Dez anos depois, depois de guerras contra os “terroristas”, que mataram mais civis que qualquer 11 de setembro, enfim matam Osama bin Laden.
A morte do chefe da Al Qaeda é comemorada em todo o Ocidente. Obama (tento não confundir cada vez que escrevo com Osama) ganha popularidade em vésperas de eleições nos EUA, americanos com a bandeira de seu país festejando nas ruas, e me pergunto: o que estão festejando, o fim da democracia? Não sou a favor do terrorismo ou de qualquer ato de violência protegido pela religião, mas movido por causas políticas, como sempre aconteceu na história da humanidade, desde a caçada a Jesus até as Cruzadas católicas.
Graças a dona Wikileaks, sabemos que desde 2002 houve mais de 120 ataques, feitos por aviões não tripulados dos EUA, no Afeganistão e o número de mortos civis é de 21% dentre todas as baixas; e agora festa pela morte de Osama. Posso estar enganado, mas há algo mais bárbaro do que combater um assassino assassinando-o? Percebo a mensagem ideológica subjacente nesse atentado americano: a lei do talião, olho por olho, dente por dente. E observemos que curioso: a origem dessa lei é a região onde hoje é o Iraque!
Creio que nos falto muito da bendita alteridade. Comemorar e buscar a morte de um assassino e tornar-se cúmplice de um assassinato também. Haja vista que toda a história tem, pelo menos, duas versões, há pessoas que se enfadaram com a morte de Osama e querem vingança, então como criticá-los se festejamos o assassinato de seu líder em um dos ataques não menos terroristas do Ocidente? Foi o golpe fatal na já agonizante democracia.
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