domingo, 27 de novembro de 2011

Olhares

Hoje, almoçando em um restaurante, havia uma família na mesa ao lado. Pai, mãe, uma filha de aproximadamente dez anos e outra de uns sete. Percebo que o patriarca tem os olhos azuis muito claros. Viro para a mãe de uns olhos castanhos de muita expressividade. A menina mais velha tem olhos castanhos mas sem a expressividade dos da mãe. Nos da menina havia uma ponta de raiva. Notei o que acontecia. Espero a menina mais nova virar-se e confirmo minha hipótese, esta tinha os olhos azuis do pai, contudo, havia uma tristeza naquele olhar. Isso me surpreendeu.

Estava até o momento pensando que a menina mais velha sofrera, como quase todos os primogênitos, o ciúme de ver a mãe grávida, esperando um filho que dividirá as atenções até o momento apenas dedicadas a ela. A menina nasce com olhos lindos, escuta elogios que não são destinados à menina mais velha, o que vai gerando a raiva e o ciúme presentes em seu olhar. Então, a menina mais nova fala com a irmã mais velha, num tom que busca cumplicidade, mas não a encontra. A menina mais velha é ríspida, a mais nova se sente frustrada. Entendo, o que cada olhar carrega naquelas meninas.

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