terça-feira, 4 de agosto de 2009

Somos o que somos

A liberdade, segundo o poeta, é o direito a escolher como vamos ser enterrados. Contudo, muitos mencionam que somos o resultado de nossas escolhas, mas para que tenhamos o direito à escolha necessitamos da liberdade, pois não existe escolha sem liberdade. Ora, se nos pusermos a pensar, observaremos que a liberdade é limitada, haja vista a liberdade completa ser uma utopia. Notamos, que todas as escolhas que temos de executar, provêm de opções restritas, ou seja, sempre estamos presos a alguma coisa.
Michel Foucault afirma que somos sujeitos, porque estamos sujeitos (presos) às relações de poder que existem em todas as esferas da sociedade, Pierre Bourdieu assevera que existem campos e somos agentes cujas trajetórias nesse campo são resultados de nossas escolhas, mas não escolhas sobre a infinitude de possibilidades, senão sobre as que o nosso habitus permita. Portanto, as nossas escolhas são regidas, como outrora eram as dos heróis gregos pelo destino, por uma gama de possibilidades que estamos aquém de determinar.
Obviamente, podemos, e os teóricos alertam para essa possibilidade, romper as correias que nos amarram e vislumbrar a sociedade tal qual é, a fim de que possamos ser realmente livres. Já em outros tempos os existencialistas, como Sartre, discutiam o que seria a liberdade. Lembremo-nos da trilogia “Caminhos da Liberdade”, mais especificamente, do primeiro livro desta, o “Idade da Razão”, claro que aqui, referimo-nos a romances, mas é postulada a idéia de que a liberdade provem do direito de escolha, do engajamento social ou do ato gratuito, o autor opta pela primeira, mas restringe a liberdade ao próprio homem.
Então, se somos o resultado de nossas escolhas e essas escolhas são limitadas, a liberdade é o direito de escolher e nós somos o limite final dessa liberdade, essa miscelânea de autores aqui utilizada, acabou a levar-nos ao resultado de que o homem é o próprio homem, em uma tautologia incrível, permanecendo, portanto, sem uma resposta mais eficaz a pergunta sobre o que, de fato, somos, sobre o que é nossa existência e qual o seu fim. Voltemos à Grécia antiga e veremos que a resposta já estava em “Édipo Rei”, de Sófocles, e era o homem. Sempre o homem. Somos resultados do que somos, somos o que somos, alguns são o que deveriam ser, outros o que são, mas nenhum o que queria ser, porque essa já é uma característica humana, que se consolidou com o tempo, a liberdade é um passo para frente sempre, portanto, nunca a alcançaremos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Somos solilóquios,caos, metafisicas, alegria, luxúria, ira, pecado, imundice, nudez , somos de conseguência atos.Somos de atos apenas vitimas.Somos o indelével,somos o indivisível, unos e limitados.Entretanto, somos momentos, que não podem ser apagados nem mesmo com a inanimidade dos objetos. Deles somos posse e deles temos pulsão ;)

Beijos!!!