terça-feira, 20 de outubro de 2009

Sociedade do espetáculo

Hoje, remexendo em meus papéis da faculdade, encontrei um texto escrito há dois anos. Creio que ainda é atual, por isso resolvi transcrevê-lo neste espaço.

Quando, um pouco antes de ser assassinado por um agente da KGB, Leon Trotsky afirmou que trabalho assalariado é trabalho alienado, inserido na tradição marxista, obviamente, ele se referia a uma mão-de-obra que produzia sem saber com que finalidade, entre outros conceitos. Porém, a alienação, com o desenvolvimento do capitalismo, chegou a um patamar em que as pessoas passaram a comercializar-se. Pessoas essas que, é claro, são não só sujeitos históricos produzidos pela sociedade como também seus produtores.
Há vários atalhos para se alcançar a fama e o sucesso que podem ser trilhados por aqueles cujo talento se resume na beleza. A pessoa pode fazer uma pequena participação em uma novela, na qual o foco não será a capacidade interpretativa do ator, mas a estética das formas de seu corpo, item relevante para fazer com que a audiência suba; ou, noutra opção, pode dançar em um grupo de pagode ou, o que é mais incrível, até mesmo cantar em algum grupo. Mas, hoje, o que está em voga são os "reality shows", programas televisivos que conseguem captar "a essência do vazio" de seus participantes, os quais se comportam de uma forma tão natural, que não percebem que estão sendo filmados. O pior é que os telespectadores acreditam nisso. Assim, as pessoas vão vendendo sua imagem, ou melhor, as imagens das personagens por elas criadas, e a população compra-as, apaixonando-se por elas e, depois da eternidade de três meses, esquecem-se dessas figuras, mesmo porque, nesse ínterim, provavelmente, já apareçam novos "produtos" para serem consumidos.
Todos esses programas, artistas e consumidores da cultura de massa estão trabalhando arduamente para que as pessoas se alienem cada vez mais da realidade e, por conseguinte, dos problemas que o mundo vive, contribuindo para a total banalização do ser. Já os intelectuais, que criticam ferrenhamente a cultura do espetáculo, estão ajudando-a também, pois não apresentam nenhuma alternativa para revertê-la. Então, é mais interessante saber o que aconteceu na novela do que saber o que aconteceu ao seu lado, é preferível conhecer o vencedor do "BBB" ao deputado que levou o nosso voto nas últimas eleições. No entanto, saber o que ocorre no Congresso Nacional não é muito diferente de saber o que ocorre no "Big Brother", a não ser pelo fato de que as câmeras do Congrsso só funcionam de terça a quinta e as festas são muito monótonas, já que sempre acabam em pizza.
Se Trotsky visse o que acontece hoje, essa sociedade do espetáculo, ele diria... Acho que não diria nada, pois teria que assistir aos programas para poder criticá-los depois. E, assim, a cultura nacional, que advém de um processo histórico, é deixada de lado em detrimento de "celebridades" e fatos efêmeros. É hora de reagir e inscrever-se no "BBB".

2 comentários:

Anônimo disse...

Amadoooooooooooooooooo,

Que saudades , infinita!
Feliz aqui em ler-te.Triste por não velo no msn.Em breve estarei com um blog novo.

Beijos no coração!
PS: Vc tá um charme com esse cigarro, e esta barba :)

Rodrigo Bentancurt disse...

Que bom que reapareceste, Fyllos. Também estava com saudades.
Não entro no msn, porque a faculdade e os projetos estão-me sugando.
Obrigado pelo gentil comentário.
Beijo