terça-feira, 13 de outubro de 2009

Objetivos

Sempre temos objetivos, sonhos, esperanças, projetos de vida, mesmo que o projeto de vida seja não ter projetos, esperanças, sonhos ou objetivos. Precisamos de algum tipo de ponto que culmine uma caminhada e satisfaça-nos e, destarte, temos uma razão de viver. Erguemos muitas pequenas conquistas que, muitas vezes, não notamos que as são, para conseguirmos alçar o total cujo benefíco será nosso prazer, nossa felicidade ou um instante de alegria. Contudo, quando o objetivo maior é alcançado, a felicidade é efêmera e traçamos outro objetivo maior, e dessa forma vamos caminhando para algum lugar, vamos, enfim, vivendo. Ou seja, vamos, simultaneamente, morrendo.
Sabemos todos que terminaremos no mesmo lugar, mas precisamos agarrar-nos a algo para fazer da existência algo positivo e prazeroso. Alguns apegam-se a fé, seja ela no que for, outros na materialidade abstrata do pensamento, outros apegam-se no não apego a nada. Criamos ilusões e vamos em direção a elas, mas sem perguntarmo-nos por qual motivo. Talvez, não haja motivo nenhum, sejamos apenas caminhantes vagando pelo mundo, mas, lembremo-nos de que toda caminhada deixa pegadas. Pois, por mais que sejamos notados e reconhecidos, que obtenhamos o desejado, nunca mudaremos nossa condição humana. Nossos anseios e angústias, nosso medos e coragens, nossa saúde e nossa doença, nossa vida e nossa morte, serão sempre os mesmo, tenhamos feito o desejado ou não.
Porém, viver é bom, embora seja ruim. É bom ter alegrias, rir, chorar, sofrer conquistar, aprender, ensinar, ganhar, perder. O ruim é pensar sobre os motivos que nos impelem às ações, o porquê de viver. Ou seja, não pensar muito permite que tenhamos a superficialidade das emoções e que sejam mais "puras", entretanto é assaz reles ter uma existência assim. Então, felizes dos que têm a alienação como base de sua vida! Porém, infelizes, também, por não saberem tudo o que estão perdendo. Isto é, na vida não há nada pleno. Todos os ganhos são perdas, todas as perdas são ganhos, toda a vida é morte e em toda a morte subjaz uma vida.

Um comentário:

Paula Figueiredo disse...

Concordo my dear! Quantas vezes desejei não ter essa alma assim tão inquieta! (Seria mais fácil, mas seria também certamente mais bobo e menos eu!) Então que seja o que é: com todas as ilusões o importante é receber! Abraços! Pensar assim é uma forma de liberação...