sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Miragens

Estamos em meio a um deserto. Tudo o que vemos são miragens. Passamos, praticamente, toda a nossa existência modificando-nos ao ponto de conhecermo-nos em partes, afinal somos sujeitos fragmentados. Se isso acontece com nós mesmos, imaginemos com o que nos é exterior. Já se mencionou, neste espaço, que a diferença entre conhecermo-nos a nós próprios e conhecermos aos outros é que convivemos mais tempo conosco do que com os outros.
A realidade, temo a possibilidade de sentidos que traz consigo esse significante, pode existir em algo que não existe? É real um determinado objeto que não existe? Podemos dizer que não e, assim, damos espaço à ficção, e a realidade de seus elementos se dá dentro de seu universo, ou seja, a instância ficcional. Mas, quando algo existe e não o conhecemos, isso é real? É não sendo. Destarte, o objeto ou fato vai passar ao estatuto de real quando for nomeado. Contudo, nomeamos o que não existe e nem pelo simples ato de havermos nomeado-o passa a ser real. Entretanto, cabe mais um questionamento: as memórias são reais? Elas nos remetem a fatos acontecidos ou imaginados, contudo esses fatos não são mais reais, no sentido que lhes damos, senão apenas memórias, embora possam ser consideradas reais como memórias.
Então, depois desse parêntese, voltemos ao deserto da existência. Será que há algo de real no que vemos? Pois tudo é passível de desaparecer e transformar-se em memória. Objetos, pessoas, fatos, tudo está sobre esse vazio ao qual nomeamos deserto que só pode ser irrigado por uma chuva chamada discurso. Portanto, somos miragens observando outras miragens.

5 comentários:

uma poetinha... disse...

voltemos ao deserto da existência....


será?

Rodrigo Bentancurt disse...

É uma das tantas possibilidades!

[ rod ] ® disse...

miragens ou não... dispomos de um querer significativo... viver dessa realidade ou cair de vez no imaginativo e ilusionário sentido... cabe, no conjunto do todo, ter noção do que queremos... abs meu caro.

Rodrigo Bentancurt disse...

Exatamente. Mas o interessante de sermos miragens é que o todo també será ilusório!
Abraço e bem-vindo neste espaço

Paula Figueiredo disse...

O que não é ilusório nesse mundo? Nós é que precisamos de muitas certezas... A construção da identidade, eis o que temos.Importam menos se nossas visões são reais ou fictícias. Importa, sim, para onde elas estão nos levando. Pois, como vc mesmo disse, se algo existe na memória, na ídéia, já existe. Apesar de ser outra forma de existência,algo quase onírico, ainda assim pode-se dizer isso é provido de existência própria. (Dotado, portanto, de relações de causa e efeito). Poderemos verificar tudo isso no eterno retorno de nossas ações.
Namastê!