Quando estamos na infância, tudo nos é belo, bom. Não problematizamos o mundo que nos cerca e do qual somos parte integrante, obviamente, que isso para os que vivem com condições humanas, pois há quem esteja animalizado pela miséria, o tal Bicho-homem, de Manuel Bandeira. Mas para os que gozam de uma vida que os permita distanciarem-se dos problemas, a infância é uma época sem medos permanentes, sem preocupações recorrentes. O ruim é que dura pouco, muito pouco.
Entretanto, não é a infância que dura pouco, é nossa percepção do tempo que é outra. Hoje, quando percebi que era dois de outubro e o ano está nos seus derradeiros meses, assustei-me (embora este mês seja o de começo da primavera, e esta por sua vez carregue consigo toda uma simbologia de vida, de ressurreição, no hemisfério sul, ela nos aproxima do fim do ciclo anual o qual tomamos como medida de tempo). Talvez, essa percepçao se dê dessa forma porque fazemos diversas coisas das quais não gostamos inteiramente e , com o passar do tempo, prendemo-nos a elas de uma forma cuja a dificuldade de desapego é enorme e, assim conhecemos o tédio. O problema é que os dias passam sem que os tenhamos vivido plenamente, então percebemos que a vida está a passar por nós, em uma velocidade astronômica, e não nós por ela. Os dias passam, contudo não prcebemos que os segundos e os minutos também passam e, por serem pequenos demais para nós, descartamo-los, sem observarmos que são neles que vivemos a vida!
6 comentários:
Gostei do seu post. Minha filosofia é viver um dia de cada vez, pois o tempo é precioso. Lembrei-me dum poema do Charles Baudelaire que, embora melancólico, resume o poder do tempo:
"É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso".
Eu escolho a poesia, a poesia da vida!;)
Fique em paz!
Tens razão,Débora. E digo mais, embriago-me com todas as possibilidades.
Sabe aquela frase do Oscar Wilde: "Viver é a coisa mais rara so mundo,a maioria das pessoas apenas existem"
Na maior parte do ano nós apenas existimos e fazemos tudo mecanicamente e isso envolve até mesmo as demonstrações de carinho e raiva.Ficamos tempos e tempo com o foco apenas em uma direção e não nos permitimos viver tantas outras coisas que a vida oferece e ai acontece que não temos mais o tempo...
Parabéns pelo texto!
meu blog: www.johnrmulo.blogspot.com
Hoje estava olhando nossas fotos do primeiro semestre no curso...nossa! pareceu tao pouco tempo atrás q qse podia revernos farreando, mas ao msmo tempo bateu aquela p... saudaaade, como se tdo tivesse acontecido há mtoooo tmpo atrás...
Nunca vou entender o tempo...
Abço Juh
Então, John, talvez seja mais drástico, ainda. Passamos quase a vida inteira existindo.
Ju, fico muito feliz de te ver por aqui. E o tempo, provavelmente, seja como todo o resto: ininteligível.
Este texto sintetiza perfeitamente o que to sentindo agora....e lembrei de um poema que ja fiz ha algum "tempo"....Dias...passa um,
passa dois,passam tantos que nem sei,são iguais desde o começo,deve ser culpa de alguém!bj Dio
Postar um comentário