sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Um poeta parnasiano

Podem chamar-me de chato, não seria uma noviade para mim, pois, hoje, dedicarei algumas linhas a um poeta nacional, praticamene, esquecido. Comecemos por fazer algumas ressalvas. A poesia que veio depois do modernismo é encantadora, sublime, expressa o espírito desolado de um ser que vê o mundo em plena transformação e sente-se impotente em relação a isso, fatos que vêm intensificando-se ao longo dos anos, atando forma e conteúdo em uma expressão total da fragmentação. Os poetas clássicos, primavam pela forma, pelo modelo e o seguiam a risca. Admiro, profundamente, essas duas fases, como também a poesia romântica, a primeira expresão moderna de poética, a poesia simbolista com a palavra a ser, cuidadosamente, posta em seu devido lugar, enfim, agrada-me a poesia em geral. Hoje, o tema será um parnasiano.
Movimento, inclusive, por muitos, rechaçado atualmente, o parnasianismo tem caractrísticas sublimes, que antes eu não as havia parcebido. Rejeitem ou não, o outro dia eu estava a ler uma antologia de Bilac. Obviamente, que visto desde o prisma de um homem instaurado no ano de 2009, podem significar pouco, emotivamene, seus versos, porém não foi assim que se deu. Um trabalho incansável, versos alexandrinos, ou decassílabos, cesuras perfeitas, forma e conteúdo postos em contato como as faces de uma moeda, ou como o verso e o reverso de uma folha de papel.
Grande poeta Bilac, sei que essa asserção não vem de um sujeito com autoridade para tal, contudo, deve ser feita. Por último, o mito da objetividade, que podemos desvendá-lo, atualmente, era uma ilusão crida na época. A transfiguração de elementos ditos exteriores ao sujeito poético vinham carregados de sentimentos e, obviamente, da percepção deles por parte do eu-lírico. Fiquei impressionado com a capacidade de encerrar em uma forma tão perfeita elementos exteriores. Olavo Bilac, deveria ser mais lido, sem esquecermo-nos dos que depois dele vêm, é claro.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Morte na luta

Há alguns dias, no interior do Rio Grande do Sul, houve mais um conflito entre os Sem-Terra e a polícia militar. Adivinhemos o resultado. Mais um Sem-Terra morto.
Enfim, os camponeses do movimento são os desordeiros, os marginais, a escória da raça humana, porque ocupam a propriedade privada alheia, são uns baderneiros. Ironicamente, são sempre os da escória que morrem, por disparos de nossa egrégia polícia. O que nunca se comenta, é a situação da mesma constituição que garante a propriedade privada, também exigir que toda a terra deva contribuir socialmente e que, se não o fizer, deve ser desapropriada com a finalidade de que se realize a reforma agrária. Além disso imaginemos a situação:
- O senhor tem direito a esta terra. Agora, ela é sua.
- Obrigado, senhor. Mas é que eu só tenho minha enxada, será que consigo um financiamento pra cultivar?
- Aí, você já quer demais, né, malandro? Já tá com a terra. Aproveita e não reclama.
- Sim, senhor.
Algo de muito parecido aconteceu no México, no começo do século passado, gerou diversas lutas que existem até os nossos dias. Assim funciona a reforma agrária, no país, em que roubar é arte e pichar é crime. Termino com as palavras de um excerto de "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto.

ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO

— Essa cova em que estás,
com palmos medida,
é a cota menor
que tiraste em vida.
— É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
deste latifúndio.
— Não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
— É uma cova grande
para teu pouco defunto,
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.
— É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
— É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sem rumo

Que bonita imagem o abraço de Lula com Mercadante hoje. Depois do anúncio de que deixaria liderança do PT, no senado, Aloísio Mercadante voltou atrás. O motivo pelo qual deixaria a função? O arquivamento das denúncias contra Sarney que o Partido dos Trabalhadores votou a favor.
Aí está mais uma cena da comédia, para eles, que tornou a política um drama, para nós. Lula, Sarney e Collor, uma tríplice aliança pelo silêncio. Claro que, se o presidente da república fosse tucano, aconteceria, exatamente, da mesma maneira. As cartas estão na mesa há muitos anos, e o jogo não muda suas regras. Esconder, negar, desconversar, apropriar-se do que não é seu, mentir, estar (ou ser) sem caráter e permanecer na mesma cadeira. Assim é o jogo.
Quando Mercadante titubeou em deixar a função, já se podia prever que não o faria, porque resquícios de ética estão cada vez mais escassos. Fazer algo que esteja dentro da lei, mas que vai contar certos princípios morais, atesta a falta de ética, o esconderijo júridico de nossos políticos e nossa permissividade. Pois, a guinada que deu o PT, nos últimos doze anos, foi mais que um auto-esfacelamento, foi uma retirada de referência do cidadão brasileiro.
Isto é, sendo contra ou a favor do PT, sabia-se que ali estava um referencial de esquerda coerente e confiável, que já não existe. Não há, no Brasil, uma alternativa ética consolidada, o que há são partidos tentando demarcar seu território e mostrando-se como radicais, mas com apenas alguns quadros e sem um apoio popular que forme a base de militância necessária. Portanto, não temos muito o que fazer.
Porque o que faz a oposição hoje, fará a situação amanhã, se esta for oposição, e fa-lo-á da mesma forma, com os mesmo princípios, pois a oposição de hoje, sendo situação manterá e corromperá. Não sei qual seria a alternativa, creio que alguma haverá, pois hoje só vivo dessa esperança.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mesmo, mas diferente

Fechou-se-me um ciclo ontem, e abre-se-me outro hoje, assim funcionam os aniversários. Não observamos nada de diferente em nossas vidas, exceto os parabéns que nos são dados. Porém, é, apenas, um dia mais que simboliza o transcorrer de um ano, a ser contado a partir do momento em que o mundo começa para cada um. Antes de existirmos, o mundo já estava aí, e assim seguirá quando deixarmos de viver também. Descobrimos, aprendemos o que veio antes, projetamos o que virá, entretanto sentimos apenas o que vivemos ou que nos fazem sentir. Ou não temos a capacidade de emocionarmo-nos com relatos sobre acontecimentos que antecedem a nossa chegada? Lógico que o conseguimos, pois não somos tão insensíveis a ponto de rejeitar as sensações de outros.
Nada mudou, sigo igual. Vivo na mesma casa, escrevo com o mesmo teclado, no mesmo espaço, sinto-me igual a como sentia dois dias atrás, contudo, desde ontem, devo acostumar-me a adicionar um ano no cômputo de minha vida, de minha trajetória, do mundo em relação a mim. Daqui a alguns anos, quando olhar para trás, o número de meus anos servir-me-á para conseguir localizar-me melhor no tempo, e, por que não, no espaço. Todavia, apenas para isso me servirá. De resto, sou mesmo, na mesma casa, no mesmo computador, com as idéias um pouco diferentes, mas não pelo passar da idade, senão pelo passar da vida, que nos faz pensar e repensar tudo, então não sou mais o mesmo, em algo, sou diferente. Mas todos os dias somos diferentes e se isso é uma cosntante, sou igual mais a variável x, logo sou o mesmo + x.

sábado, 15 de agosto de 2009

Coração

Com preguiça de pesquisar o sentido de um assunto, venho aqui afim de que alguém me responda o porquê de uma questão cuja origem desconheço. Por qual motivo foi eleito o coração o símbolo do amor e dos sentimentos? Poderia haver sido qualquer órgão a ser eleito como alegoria máxima dos afetos que há tanto perdura, mas não. É o coração o símbolo do amor. Imaginemos uma outra parte de nosso corpo no lugar desse símbolo. Os rins, por exemplo. O amor viveria em dose dupla para a maioria (eu possuo apenas um, logo não amaria com tanto fervor).
Se pensarmos na antigüidade clássica, observaremos que o amor está associado à dor, ao sofrimento, portanto o campo semântico que o rodeia é do inimizade, do desespero. As pessoas referiam-se ao seus amados como inimigos. Dido referindo-se a Enéas na “Eneida”, de Virgilio, por exemplo. Já na Idade Média e na Renascença não se perdem, totalmente, esses sentidos, contudo, incorpora-se a conotação que o coração é um castelo rodeado de muralhas que deve ser conquistado, daí o termo conquista, significante bélico, relacionado ao amor. Algum tempo atrás o amor passou a ser correlato de companheirismo, fidelidade, amizade. Entretanto, observamos que sempre foi relacionado ao coração. Como se um órgão fizesse desabrochar um sentimento e sustentasse-o, sem imiscuir outra gama de fatores envolvidos no inexplicável mundo dos sentimentos.
A partir dessa idéia, notamos que o amor, como as demais sensações e sentimentos, é uma construção social. Talvez, não a forma como o sintamos, senão as suas exigências e expectativas. Esperamos, queremos e oferecemos uma porção de ações e comportamentos impensados para os nossos ancestrais, cujas ações de prova de amor deveriam mostrar muito mais coragem, decisão, determinação, independente da doação ao companheiro. E, atualmente, o amor passou a ser algo tão egoísta como os seres de nossa sociedade.
A sociedade penetrou tanto em cada um de nós, conseguiu afastar-nos tanto em relação a trocas afetivas reais, através da globalização, que nos aproxima e afasta-nos, em movimentos simultâneos, que o único amor mais duradouro é o amor próprio. Não fazemos nada que possa prejudicar-nos um pouco em prol de um grande ganho coletivo, pois, qualquer coisa que nos afete é refutada imediatamente. Pensamos em nós, queremo-nos, amamo-nos, mas, apenas, a nós. O amor a outra pessoa chamado solidariedade, senso do coletivo, está, praticamente, em extinção. Todavia, é o coração o órgão do amor próprio, embora esse tipo de amor seja o mais racional possível, porque pondera prós e contras, põe tudo em uma balança e vê se é bom para si, se consegue levar vantagem, vale a pena. Em outros tempos isso não se fazia com o coração, pois este se associava a instinto, a impulsividade.
Mário de Andrade, em seu livro “Amar, verbo intransitivo”, disse muito, pois quem ama, ama. Porém, esse título pode ser revisto hoje sobre outro prisma, porque se as pessoas amam a si mesmas, obviamente, esse verbo pode ser intransitivo, pois não é necessário dizer a quem se ama. Mas quem segue amando é o coração, e presenciamos o fim do amor, conhecê-lo-emos pela história e pela literatura, quando os seres eram seres e amavam uns AOS OUTROS.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Incoerência

Vemos, freqüentemente, intelectuais a declarar que a negação de algo, inclusive, do conhecimento de idéias que confrontamos caracteriza a ignorância. Concordo. Contudo há incoerência na atitude destes também, pois diversas vezes negam a alteridade de forma totalitária e com a mesma veemência que asseveram a ignorância.
Falo sobre o tema, porque há alguns dias, em um fórum de literatura, na internet, alguém mencionou o futebol e houve uma reação, creio eu, exagerada de parte de alguns circunstantes virtuais. Estes começaram a clamar o futebol como símbolo da ignorância do povo. Claro, sou um torcedor de futebol, um adorador desse “esporte”, que, hoje, mais é um comércio que, verdadeiramente, um esporte, porém o mesmo vale para as novelas, embora eu não as olhe, também não as repudio.
Podemos assistir a novelas, ver jogos de futebol, ir ao estádio, comemorar, gritar gol, contudo o que não se deve fazer é fechar os olhos para o resto dos acontecimentos que nos completam a vida. Isto é, assistir a novelas não é um problema, se o gosto individual as requer como fonte de entretenimento, o problema é que esta, na maioria das vezes, passa a reger a vida do povo, seus comportamentos, atitudes, vestimentas, seus heróis e ídolos. A novela e o futebol, usamos o termo novela em sentido metonímico para a televisão em si, têm, hoje, um papel parecido ao que a religião católica exercia anos atrás. Isso é uma desmedida grave, afinal, passamos a viver a ficção e tê-la como dogma, ou o esporte como dádiva, e sempre deus ao lado dos vencedores, como a religião fazia em massa e, atualmente, fá-lo com menor quantidade de pessoas.
Nada impede que um telespectador, um torcedor, um religioso conheçam literatura, filosofia, política, artes, etc. A questão fundamental está na escala de valores. Se sobrepujarmos conceitos menos importantes como guia de nossas vidas, teremos uma existência menos importante também. Se adotarmos idéias, ideologias de outros como nossas, nunca teremos a reflexão sobre o porquê vivemos e, enquanto isso, enriquecemos cofres alheios, e tornamo-nos pobres de espírito. Negar a alteridade é ignorância seja qual for o sentido dos vetores. Um fanático por novelas que pensa que a política é uma porcaria que não vale a pena ser entendida é tão ignorante quanto um “filósofo” cuja crença é que o futebol é veículo de alienação, pois o respirar futebol, sim pode ser alienante, mas o saber que existe e, se se gosta, acompanhá-lo é diversão.
Quanto mais pudermos usufruir de tudo que nos dê prazer, sem nos esquecermos de que a vida é uma, curta, rápida e a totalidade é bem maior que essa pequena coisa chamada ser humano, melhor. Enriqueçamo-nos intelectualmente e regozijemo-nos com o que nos dá prazer, para não sermos incoerentes com o nosso discurso.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Nosso melodrama

Sigamos na bufa política, porque este país é uma comédia, com bufões no palco e na platéia, em um círculo vicioso que tende ao infinito. Não sei mais o que dizer a respeito desta mediocridade cuja força do torvelinho não deixa árvores de dignidade e ética em pé. Ficamos em dúvida se os fantoches somos nós ou eles, ou ainda, ambos.
Neste melodrama, aqui uso uma definição de Northrop Frye – comédia sem humor –, chamado política brasileira, continuamos indo ao encontro dos desejos dos que forjaram esta pátria frívola, estamos a entronizar o conformismo em relação ao descaso, a ignorância, a indignidade, a falta de ética, a falta de responsabilidade dos políticos e dos que os elegem, nós. Não lembramos em que votamos, porque a política partidária é menos importante que o futebol e a novela. Cremos que não conseguiremos mudar nada, logo não temos motivos para preocuparmo-nos com o que acontece com os nossos representantes. Yeda Crusius, governadora ELEITA do Rio Grande do Sul e José Sarney, senador ELEITO pelo estado do Amapá, são nossos representantes nas esferas a que se candidataram. Votamos, e essa primeira pessoa do plural não a uso porque haja votado, algum dia, em um dos dois, senão porque não me eximo da responsabilidade desta brincadeira de crianças ignorantes que são as eleições.
Ouvir de pessoas que não tiveram acesso à educação que a política (partidária) não serve para nada, que todos são corruptos e a situação individual de cada um prosseguirá igual independentemente do político eleito é aceitável, com todas as ressalvas que tenhamos de fazer, mas escutar esse tipo de asserções de universitários, não que um universitário, atualmente, seja um exemplo de distinção intelectual, em um país onde, nos últimos dez anos, popularizaram-se os computadores, a internet, o celular e os diplomas do ensino superior, mas isso mostra a universalização da ignorância, não, somente, política, mas também o descaso com senso do coletivo, pois um voto influencia ,em todos os níveis, todos os cidadãos.
Sarney com a sua oligarquia, ou nobreza, pois é um representante direto dos antigos povos que habitaram o que, hoje, é nosso país e exerce essa função de cacique há muitos anos, aos poucos deixando o legado à sua família, e Yeda a governadora que criou uma secretaria cujo comando era de seu marido, depois da separação a tal secretaria foi extinta, a grande mulher que faz os alunos da rede pública terem aulas em contêineres, aumenta a repressão policial sem diminuir os índices de violência e tem uma bela mansão que até hoje não se sabe de que lugar saíram os mais de 500 mil dólares que custou, são os políticos que deveriam envergonhar a sua classe. Contudo a sujeira está espalhada e poucos têm coragem de enfrentá-los, porque muitos outros saíram pela mesma porta. O problema é que a porta de saída é giratória e tais políticos saem, espairecem e voltam, vide Collor, pela mesma porta, com a mesma cara deslavada e com o mesmo voto do povo.
Somos responsáveis pela corja, todos, e seguiremos nesse teatro de fantoches bufões que estão a representar esse melodrama barato, mas não importa daqui a pouco começa a novela e hoje tem futebol. Viva o povo brasileiro!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Somos o que somos

A liberdade, segundo o poeta, é o direito a escolher como vamos ser enterrados. Contudo, muitos mencionam que somos o resultado de nossas escolhas, mas para que tenhamos o direito à escolha necessitamos da liberdade, pois não existe escolha sem liberdade. Ora, se nos pusermos a pensar, observaremos que a liberdade é limitada, haja vista a liberdade completa ser uma utopia. Notamos, que todas as escolhas que temos de executar, provêm de opções restritas, ou seja, sempre estamos presos a alguma coisa.
Michel Foucault afirma que somos sujeitos, porque estamos sujeitos (presos) às relações de poder que existem em todas as esferas da sociedade, Pierre Bourdieu assevera que existem campos e somos agentes cujas trajetórias nesse campo são resultados de nossas escolhas, mas não escolhas sobre a infinitude de possibilidades, senão sobre as que o nosso habitus permita. Portanto, as nossas escolhas são regidas, como outrora eram as dos heróis gregos pelo destino, por uma gama de possibilidades que estamos aquém de determinar.
Obviamente, podemos, e os teóricos alertam para essa possibilidade, romper as correias que nos amarram e vislumbrar a sociedade tal qual é, a fim de que possamos ser realmente livres. Já em outros tempos os existencialistas, como Sartre, discutiam o que seria a liberdade. Lembremo-nos da trilogia “Caminhos da Liberdade”, mais especificamente, do primeiro livro desta, o “Idade da Razão”, claro que aqui, referimo-nos a romances, mas é postulada a idéia de que a liberdade provem do direito de escolha, do engajamento social ou do ato gratuito, o autor opta pela primeira, mas restringe a liberdade ao próprio homem.
Então, se somos o resultado de nossas escolhas e essas escolhas são limitadas, a liberdade é o direito de escolher e nós somos o limite final dessa liberdade, essa miscelânea de autores aqui utilizada, acabou a levar-nos ao resultado de que o homem é o próprio homem, em uma tautologia incrível, permanecendo, portanto, sem uma resposta mais eficaz a pergunta sobre o que, de fato, somos, sobre o que é nossa existência e qual o seu fim. Voltemos à Grécia antiga e veremos que a resposta já estava em “Édipo Rei”, de Sófocles, e era o homem. Sempre o homem. Somos resultados do que somos, somos o que somos, alguns são o que deveriam ser, outros o que são, mas nenhum o que queria ser, porque essa já é uma característica humana, que se consolidou com o tempo, a liberdade é um passo para frente sempre, portanto, nunca a alcançaremos.