quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ignorância deliberada

Depois desta, podem desfazer a imagem que haviam criado de mim, podem olhar-me e pensarem que sou cruel, intolerante, quiçá um troglodita, mas jamais me chamarão de hipócrita. Uma vez, neste espaço, afirmei que rejeito, veementemente, o politicamente correto. Isso é uma máscara de nossa desfaçatez, disfarce de nosso medo, ou melhor, de nossa covardia. Abomino a mediocridade e a ignorância. Mas não a ignorância de quem é assim, porque não teve chance de ser de outra forma, senão a ignorância que tem a permissão complacente do que a carrega, pois essa ignorância, que aponta à mediocridade, pensa em linha reta, não questiona, aceita, grita, age autoritariamente.
As pessoas que carregam esse tipo de ignorância transnbordam mediocridade. Jamais questionam. Para elas, as coisas são como são e não há outra forma de o ser, são repetidoras de uma hegemonia que, em seu cérebro, deve haver sido sempre assim, pois o mundo nunca deve haver sido diferente, já que para imaginar algo distinto se requer um mínimo de capacidade de raciocínio. Essas pessoas, raramente, aceitam uma opinião, porque, para elas, o que fazem está perfeito, a discussão terminada, haja vista que ninguém as fará mudar de ponto de vista, muito menos perceberem que há outros que não são nem melhores, nem piores, apenas diferentes. Desculpem, respeitáveis leitores, este desabafo sem hipocrisia, digo sem diplomacia. Precisava fazê-lo! Ainda mais quando penso que essas pessoas educarão meus futuros filhos e serão os governantes na época de minha velhice. Ah, o presente, ah o porvir!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Dicotomia não dicotômica

Somos corpo para sofrer, para doer e espírito para pensar e transfigurar o sofrimento e a dor em lamentação. Não acreditemos, contudo, em corpo/espírito como uma dicotomia, senão como uma completude inexorável ao ser humano. Observemos que me refiro ao espírito, ao convalescente sofredor da existência, no qual as chagas não se apagam.
Não sabemos quem predomina, pois, em situações abissais, o espírito cala a dor do corpo com sua força. Porém, muitas vezes o abatimento material da estrutura corpórea corrompe o espírito, inutilizando-o. É complexo e assaz explorado tal tema, entretanto, devemos refletir ao menos superficialmente sobre esse. Já discutimos sobre razão Vs. emoção, sensibilidade Vs. lógica, e pensar em corpo/ espírito não foge ao assunto, senão o enriquece.
Nas eras clássicas, sejam elas a greco-latina ou o classicismo advindo com o Renascimento, a proporção de tudo fazia-se indispensável. O bom, o belo e o verdadeiro eram características que computavam valor a tudo, eram inseparáveis e na falta de uma dessas as outras se perdiam. O médio era o ressaltado e o preferido. Sem demasiada parcimônia e sem exageros extravagantes. Os românticos jogaram o bem por terra, forjaram-se próprios deuses de suas obras e o espírito criador passou a ser colocado em primeiro plano, haja vista a falta de um modelo para guiar a composição, e a originalidade que fora alçada ao ápice da sociedade criativa. Herdemos, dos românticos, diversos valores, preceitos e preconceitos, mas também os sobrepujamos e tornamo-nos sujeitos pós-modernos. Que belo rótulo!
Hoje, esquecemos, ou simplesmente, ignoramos a importância de conhecer a tradição, rejeitamo-la, porque tudo muda rapidamente e, como o postula Octavio Paz, vivemos na era da “tradição da ruptura”. E assim, tornamo-nos seres cada vez mais vazios, espiritualmente, com o foco excessivo no corpo. Pensamos que o mundo é o que temos ao nosso redor, assim o foi e sempre o será. Triste ser humano pós-moderno, que, em tudo, tenta levar vantagem e não vê quão facilmente é ludibriado. Ludibriado, sim. Perdemos a capacidade de enxergar as diversas possibilidades de existência que poderíamos ter, porque não havemos tempo para tal, pois devemos cuidar do nosso corpo, já que este é o único que é, materialmente, visto. Demonstrações de saber não levam a nada. Somos teres humanos, com corpos belos, com caracteres maus e espíritos mentirosos. Assim chegamos à dicotomia não ditômica, corpo/espírito, tripartida em bom, belo e verdadeiro. Isto é o espírito não é ostentado e fica em repouso, cheio de preocupações acerca do conquistar bens materiais e ter um belo físico para exibir. E o porvir será vazio.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Agir


Agir errado, essa é uma asserção bastante complicada e discutível, aliás como o são todas as asserções culturalmente arraigadas . Não entendemos, não entendíamos e, talvez, nunca entenderemos como é que pode haver uma forma correta de agir, ou ainda, uma forma mais certa que outra. Cada cultura tem pressupostos explícitos ou tácitos em sua base, que permitem uma maior adequação ao convívio social, e quem não está adequado, em maior parte, ruma à exclusão.
Estava a ver um filme nacional, que se passa em São Paulo, e, em um determinado momento, um casal de personagens vai de carro pelas avenidas da metrópole e chega a um bosque. Bem, pensei eu, vão observar a natureza, ledo engano. O casal atravessa o bosque, sobe uma elevação e põe-se a contemplar os arranha-céus da capital paulista. Isso, na época clássica (não a greco-latina) seria considerado uma inadequação. Dar as costas à natureza para admirar as construções humanas.
Narro esse fato, pois a loucura que encerra os loucos em manicômios, as almas em corpos, os seres no mundo, é uma construção social, dependente da capacidade dos humanos de agirem conforme leis tácitas de comportamento (isto é sentimento, sem bases teóricas. Não citarei Foucault, algum poeta, ou qualquer outro louco). Da mesma forma, temos a tendência de julgar culturas diferentes da nossa como bárbaras, no sentido pejorativo do significante, pois agem de maneira distinta da nossa. Acusamos mulçumanos de bárbaros por suicidarem-se em nome de Alá, mas ignoramos que os seguidores de Moisés fazem a circuncisão, e os irmão de Jesus matam-se e roubam-se, diariamente, a fim de que uns tenham mais que os outros. Na nossa barbárie é assim, o que é diferente é pior, ou invejado.
E quando olhamos uns aos outros, agimos da mesma forma. Os gostos, que não têm afinidade com os nossos, são mau gosto. As ações, que divergem das nossas, são inconcebíveis. Muitas vezes, ou quase sempre, os loucos são os outros, por assumirem uma postura que tachamos de descabida, quando, de forma tautócrona, gostaríamos de assumi-la. Talvez, essa forma seja pior maneira de agir, porque acabamos a agir de acordo com o que podemos, mas não como queremos e esquecemo-nos que a vida é uma, e não fazer o que se deseja pode ser um caminho sem volta.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Medo do escuro

No escuro, nossas pupilas aumentam de tamanho a fim de que possamos adaptar-nos à falta de luz. Todos os seres humanos, salvo alguma disfunção biológica, vêem, fazem uso da visão como o principal sentido. Vemos para creer, mas podemos creer no que vemos? Ou basta que vejamos para instituir a crença na verdade de um fato?
Vemos com os olhos, necessitamos ser expostos à luz e pronto, vemos. Talvez, esse seja nosso maior erro histórico, ver com os olhos, ou ver, simplesmente, com os olhos. Deveríamos ver com o coração e com a razão. Obviamente, que há uma atividade cognitiva na visão, que a transforma em imagem e fá-la ser internalizada, contudo, refiro-me à razão depuradora de imagens captadas, transformadas em algo mais além das imagens vistas, com o auxílio incólume do coração. Já fiz menção, há um certo tempo, da necessidade que teríamos de usar razão e emoção juntas, volto a esse ponto, como sempre retorno aos pontos que me parecem mais fascinantes de serem tocados.
Não conseguimos tomar decisões racionais sem que o coração imiscua-se nelas. Porém, por muitas vezes, relegar a sensibilidade para um segundo plano, passamos a ser como os homens que habitavam a caverna platônica. Somos sombras, que não conseguem ver além do que lhes é posto para que o vejam da forma que se deseja, e cria-se uma massa acéfala, ou melhor, cega em relação a tudo que nos rodeia. Se as coisas são como são, não há motivos para pensarmos que deveriam ser assim. Podemos buscar sair da escuridão e tentar ver nas coisas algo mais do que nos é dado para ver à primeira vista. Podemos olhar tudo mais de uma vez e pensar sobre o que temos ao nosso redor, o que somos, como agimos, como nossos valores estão formados e o seus porquês.
Saramago alertou " se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.", em sua epígrafe de "Ensaio sobre a Cegueira", pois quanto estamos perdendo por não repararmos no mundo e em nós mesmos como parte integrante do mundo? Que há muita coisa entre o céu e a terra, isso sabemos há séculos, mas o escuro em que vivemos causa-me medo. Tenho medo do escuro deliberado de nossa existência.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Tradutores de mentiras

Cansamo-nos de nossa mente, cansamo-nos de ter idéias e de ter de traduzi-las em palvras sem que expressem integralmente o que queremos, cansamo-nos de sentir e ter de traduzir sentimentos em idéias e estas em palavras. Nossa vida é uma tradução, e somos tradutores conhecidos também por seres humanos.
A defasagem, ou melhor, a distância entre as palavras e as coisas, já a trataria Foucault, produz cansaço mental que produz esgotamento físico. As meias palavras expressam melhor, permitem que o outro preencha o discurso com a significação que mais lhe apraz e não ficam distantes das palavras inteiras, pois estás também não expressam a completude almejada por nós. Terrível luta com as palavras, contra as palavras, com as idéias e contra elas, contra sentir, realmente, o que se sente e poder dizê-lo de verdade. A verdade não existe, criamo-la. Somos criadores de verdades, vendedores de ilusões, não passamos de tradutores de vida.
Traduz-se a vida em discurso, mas podemos mentir. Se mentimos, o que há de verdade nisso? Há verdade sim. A verdade é afirmar que uma mentira é uma mentira, ou seja, sabemos que mentimos e isso é verdade, esse é o paradoxo da mentira. Contudo, amiúde, vendemos uma mentira como uma mera omissão, toda a mentira é uma omissão, quer parcial ou total. Total, no sentido, de que é uma falta de verdade, mas atenhamo-nos às parciais. Quando queremos expressar o mais profundo dos pensamentos, não o podemos fazer, pois as palavras não dizem tudo, por conseguinte, omitimos, no significante, uma parte do significado, logo mentimos. Então, somos tradutores mentirosos, que, embora queiramos dizer a verdade, nunca conseguimos.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Férias

Férias! É bastante bom estar em férias embora elas sejam parciais. Contudo, parece-me que, como tudo na vida, há pessoas para as quais as férias são únicas e melhorarão seu rendimento no próximo semestre, ou ainda apagarão da memória coletiva alguns fatos, por isso seria bom celebrar o começo das férias em uma pizzaria.
Refiro-me ao fato de que, assim como as instituições educacionais, o congrsso entra em férias no meio do ano. Porém, diferentemente dos estudantes, os congrssistas ganham muito dinheiro para trabalhar de terça a quinta. Nada mais merecido, haja vista, serem eles os representantes de aproximadamente 200 milhões de brasileiros. Representam-nos com sagacidade e ética, pensam no coletivo jamais em si mesmos, têm a possibilidade de aumentar os seus próprios salários e tudo que fazem é às claras, nunca fariam nada por meio de atos secretos. Confiamos na reputação da casa, ou, dependendo do senador, na do castelo. Outra convicção que temos é que deputados e senadores nunca empregariam parentes em um ato de nepotismo, isso está longe do DF.
Este semestre foi assaz conturbado para os nossos excelentíssimos parlamentares, houve calúnias, difamações de uma opinião pública que não deve ser levada a sério, afinal estamos lixando-nos para ela. Mas, a pizza já está no forno e o tempo para ficar pronta é de: período de férias. A opinião pública esquece-se dos escândalos ou surgem novos que suplantam os antigos e somente nos resta fatiar a pizza e comê-la quente.
Um minuto! Agora me ponho a pensar: de onde vêm os congressistas? Não são eles, por acaso, brasileiros também? Não são parte integrante de nossa sociedade? Não somos nós que os pomos lá com um dedo e depois esquecemo-nos do mivimento dáctilo que fizemos frente à urna, ou, simplesmente, ignoramos e não mexemos uma palha para mudar algo? Fedemos. Todos! Nós e eles, porque eles somos nós! Infelizmente, a grande obra do congresso é apenas a de Niemeyer, de resto é uma pocilga e deveríamos ver-nos lá!

sábado, 11 de julho de 2009

Poetas no poeta

Creio que toda a especulação acerca da vida dos escritores, a busca de um biografia transfigurada na obra, falar do poeta dentro de sua poesia não passam de fofocas literárias. O texto literário vai ter, sim, de pano de fundo uma relação entre o homem e a sociedade, mas não, necessariamente, aquele indivíduo empírico que pegou o lápis e pôs-se a verter palavras sobre as linhas. O que temos na obra é um autor implícito, uma projeção da relação homem/sociedade em uma determinada época. Contudo, essa introdução que faço não passa de subterfúgio para falar, não da obra, mas da vida de um dos maiores escritores de língua portuguesa de todos os tempos.
Fernando Pessoa, além de poeta, foi um dramaturgo da não literatura (não encontro melhor expressão para o que o senso comum sói chamar vida real). Em um mundo que estava à beira da primeira grande Guerra, nascem os heterônimos de Fernando Pessoa. Cada um com seu estilo, com sua biografia, com seu mapa astral, com a sua poesia. É incrível lermos um poema de Alberto Caeiro e uma ode de Ricardo Reis e reconhecermos, facilmente, que se trata de poetas muito diferentes entre si, porém, empiricamente, foi a mesma mão que os escreveu. Esses heterônimos eram personagens de um mundo cotidiano, publicavam artigos, trocavam correspondências e procuravam, através de textos - e de outra forma não o poderia ser - comprovar a sua existência como homens de carne e osso.
O teatro de poetas de Pessoa tinha suas personagens principais no modernista Álvaro de Campos, no pastor metafísico Alberto Caeiro e no clássico produtor de odes Ricardo Reis, este residente no Brasil. Cada um desses poetas cria uma imagem de poeta e, por conseguinte, um eu-lírico que torna difícil acreditarmos nas questões de um autor enquanto sujeito no mundo, senão como mão que deve escrever. Afinal, já não estou a falar da biografia.
Pois bem, Fernando Pessoa poeta e dramaturgo da poesia, entendamos o dramaturgo como criador de poetas, funcionário público português e com ligações a certo ocultismo de Alister Crowley, o mesmo que era cantado por Raul Seixas. Creio que da vida do poeta é o que tenho a falar, porque da neurastenia acho que é prescindívil devido ao fato do esforço intelectual dispensado pelo poeta.
Portanto, sem especulações sobre a sua e vida e com um deleite propiciado pelos poetas que foi Fernando Pessoa, inclusive quando assinava seu nome de registro, que nos pode importar a sua vida? Nada. Temos a sua poesia.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Canonização

O processo de canonização de Michael Jackson está encaminhando-se bem. A santa igreja apostólica imprensa conseguiu provar mais um milagre, além dos já conhecidos da tranformação de preto em branco e da respiração lograda com a ausência de nariz, o astro purificou-se, expiou seus pecados e tornou-se um santo, São Jackson. As acusações de abuso sexual que, outrora, eram-lhe outorgadas e apresentadas como indiscutíveis, pela própria imprensa, agora, se aconteceram, foram obras das reminiscências de uma juventude problemática do cantor.
O que nos pode causar estranheza é que enquanto vivia já era considerado um ex-cantor, seus fãs que, hoje se vê são milhões e milhões, não compravam mais seus discos, conviviam com a sua ausência do mundo dos espetáculos e os problemas de sua infância não eram abonados nas situações em que era acusado. A morte de São Jackson fez muitas coisas mudarem, além dele prórpio que deixou de estar vivo, o mundo está sofrendo uma overdose de Michael (e eu contribuindo a falar dele).
Em outros tempos, quando ouvia alguém dizer que gostaria de haver nascido em outra época, isso indignava-me e minha contestação era que se vivemos em uma época apática é porque nós a deixamos assim, nós somos esta época, contudo, em um grande telejornal anunciaram imagens que entrariam para a história. Eram elas os últimos ensaios do pio Jackson. Lamentei haver nascido nesta época.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Vazio

Às vezes, por não sabermos os rumos que o sujeito toma ao longo da vida, por não sabermos ou não acreditarmos que existe algo além desta, por não compreendermos o sentido da existência, cria-se um vazio em nosso espírito.
O vazio espera para ser preenchido, porém ele é que nos preenche de nada e tudo que podemos fazer é tentar subsituí-lo por algo cuja função é desfazer o vazio. Na verdade, somos vazios na essência. O vazio, contudo, não é substituível, ele apenas preenche um espaço que estava vazio e passa a ficar cheio do vazio quando antes era vazio de tudo.
Os sentimentos vivem por ênfase, talvez, interpretativa. Eles estão todos aí: o amor, a raiva, o ódio, a angústia, a saudade, etc., e alguma fagulha faz alguns preponderarem em relação aos demais. Na mesma senda, podemos pensar que a ênfase dada a alguns sentimentos pode durar segundos ou anos, gerar gozo ou depressão, e a felicidade, que vem da alegria, dura momentos. Pois, geralmente, (invertendo a sabedoria popular) depois da bonança vem a tempestade. Amiúde, nos momentos de felicidade, estamos a um passo da tristeza, e à medida que nos afastamos desta, paradoxalmente, aproximamo-nos mais. Estamos felizes e o medo de que a felicidade acabe fá-la acabar. O vazio instaura-se, em nós, depois que a projeção é realidade, ou seja, desejamos algo, com o mero fim de que isso nos realize, e quando obtemos o desejado (seja ele amor, sucesso, dinheiro, cultura, sabedoria, prestígio) a realização é menor do que imaginávamos. Então, procuramos outras coisas para forjar, a nós mesmos, que isso sim nos realizará. Pronto! Estamos cheios de vazio.
Portanto, digo que somos vazios na essência, porque, a não ser as emoções de alívo como a dor, a fome, o sono, as demais construímo-las culturalmente. Antes, éramos vazio, em diversos momentos o vazio domina os demais sentimentos, como um único tirano que subjuga um povo inteiro, e, finalmente, para o vazio vamos. O que nos resta é tentar deixar os espaços vazios de tudo sempre cheios de algo, se não o vazio enche os espaços vazios de tudo de vazio vazio.