domingo, 14 de abril de 2013

Maioridade penal


             
                  Há tempos não visito este espaço, mas a ânsia de falar sobre isto me obrigou. Vejo, sempre depois de um crime contra alguém das classes média ou alta, vir à tona a discussão sobre a maioridade penal, mas não consigo entender tal proposta. Ideias de reclusão apenas afastam as mazelas do nosso campo de visão, mas não põem um ponto final, nem sequer, na verdade, uma vírgula.
            Obnubilados que estamos, deixamos de perceber a relação existente entre fatos isolados e o todo ao qual pertencem. Temos um sistema prisional agonizante, péssimas condições de vida no cárcere e nenhuma tratativa de recuperação dos recluídos. Diminuir a maioridade penal é fazer jorrar jovens, aos borbotões, dentro de presídios adolescentes, tirá-los da nossa vista por um tempo e esperá-los pós-graduados no submundo.
            Poderíamos pensar que o investimento financeiro necessário é em educação. Uma educação que nos ensine a pensar, uma educação que nos lembre do pequeno fato, esquecido por muitos, de que somos seres humanos e, portanto, racionais e EMOCIONAIS, concomitantemente, sem a sobreposição de um elemento sobre o outro. Uma educação que nos aponte o lado ético da existência e nos faça ficar chocados com a troca de uma vida por um celular, ou de seis vidas por R$ 870, impedindo-nos, assim, de cometer tais atos não por uma questão de vigia e punição, mas pela consciência. Obviamente, é mais fácil recluir jovens de 16 anos do que revisar nossos (desde o mero cidadão até a máquina do Estado) atos, para percebermos que todos somos culpados, pois mostramos quem somos pela ação, não pelo discurso. 

2 comentários:

Gabriel disse...

Sem mais palavras professor, pois disseste tudo o que eu, limitado pela falta de argumentos, além da perplexidade, somente pensei a respeito e comentei entre amigos. Um fraterno abraço.

Rodrigo disse...

Fico feliz pela concordância, pois ecoam sentimentos reacionários nestas épocas, e a intolerância é o precedente da tragédia. Um forte abraço!