sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Facebook


O Facebook é uma rede social democrática, para os que podem usufruir dele (como toda a democracia em nossa sociedade). Isto é, precisa-se ter acesso à internet, um computador ou dinheiro para se gastar com isso em uma lan house, e tempo para acessá-lo. A questão é que essa rede social lida com a heterogeneidade e aproxima polos muito divergentes.
            A maioria das pessoas tem, na vida empírica, alguns amigos e muitos conhecidos, colegas, ex-colegas, vizinhos, primos do tio da vizinha da namorada de um amigo, ou seja, pessoas que conhecemos, mas nem sempre temos afinidades. E por não termos afinidades, decidimos não frequentar a casa de uns, conviver mais com outros: selecionar, dentro desse grande contingente de pessoas, os que queremos mais próximos de nós.
            Entretanto, o Facebook joga essa heterogeneidade em nossa cara. Convivemos, virtualmente, com religiosos fervorosos e ateus convictos; defensores dos animais e perversos que se alegram com o sofrimento destes; existem os intelectuais, os marxistas, os fúteis, os baladeiros, uma infinidade de tipos. Acontece que, ultimamente, venho notando uma atitude estranha nas redes sociais – além da atitude comum de todo mundo ser politizado no universo virtual – que é a intolerância.
            Fala-se em politicamente correto, em acessibilidade, em inclusão, em respeito pelo outro, mas quando nos deparamos com opiniões, visões de mundo e valores diferentes dos nossos, excluímos pessoas, bloqueamos, isto é, fazemos desaparecer da frente dos nossos olhos o que é diferente e nos incomoda, embora saibamos que segue existindo. Talvez, seja muito taxativo, mas não vejo outra palavra para essa atitude que não a de fascismo virtual.
            Sim, apago o que é diferente, com o que não estou de acordo, o que me é incômodo. Porém, essa atitude, no mundo virtual, deixa perceber alguns valores que a pessoa carrega. Tendo o poder de fazer desaparecer aquilo com o que não quer conviver, não hesita em fazê-lo. Confesso que tenho receio de atitudes assim.

Um comentário:

lisalvisk@hotmail.com disse...

Texto excelente para refletir hein moço?!