quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Latinidade I

Nasci em um lugar muito peculiar, mas apenas percebi isso quando me afastei dele, fui a um ponto onde ninguém o conhecia e a curiosidade estava criada. Senti-me dono do segredo, poderoso conhecedor de uma realidade nova para todos e, neste momento, para mim também. A fronteira, meu lugar natal, já é algo ambígua por natureza, no entanto, imaginem quando o local é diferente das outras fronteiras do mundo. Sim, não há águas que a dividam, nem pontes, nem alfândegas, senão as ruas principais de um país acabando nas ruas principais do outro. À medida que as pessoas vão observando as peculiaridades dessa fronteira, o trânsito livre de seus cidadãos, os idiomas diferentes com perfeito entendimento de ambas as partes, vão criando uma curiosidade à Eldorado de um lugar distante.
Meu pai, uruguaio típico, minha mãe, representante da brasilidade encravada em uma língua portuguesa limpa e estudada, comunicam-se perfeitamente, dividem sentimentos e um filho.  Isso aponta uma situação de latinidade. Isso também apenas percebi quando estava distante. Na Argentina, conheci além de argentinos, obviamente, mexicanos, paraguaios, chilenos, peruanos, guatemaltecos e europeus. Observamos, os latinos, que o primeiro requisito de latinidade era negá-la, era dizer que latinos eram os outros. “Uruguaio, você é bem latino”, “não. Latinos são os mexicanos.” “Mexicano, tu és o exemplar do latino-americano!” e ele respondia: “Latinos são os centro americanos”, “Guatemalteco, o estereotipo do latino.” “latinos são os chilenos”, e assim ad infinitum. Os brasileiros nem se menciona como negam essa latinidade, haja vista o idioma que nos afasta e uma série de idiossincrasias.
(Continua)

2 comentários:

Juh Culau disse...

*.* adorei!!!jejeje...esperando o próximo capítulo..(pressão...hahahah)
bjos, meu bruxo!

Rodrigo Bentancurt disse...

Em breve, estará aí!
Beijo.