Há uma lacuna no Orkut, sim no Orkut, que vem me intrigando há bastante tempo. Na página de apresentação do perfil, existe um espaço para ser preenchido: quem sou eu. Mas isso é pergunta que se faça? Não sei quem eu sou. Isso é muito complicado, muito polêmico. Dizer quem eu sou é como conceituar a mágoa, a existência, o amor, enfim tudo cuja carga subjetiva é primordial a sua definição; e não existe nada mais subjetivo que nós mesmos.
Afinal, eu sou o que penso que sou ou que os outros pensam que sou? Serei um desses ou todos esses? Serei um sempre eu ou uma continuidades de eus só perceptíveis pós morte? Nessas definições, há uma heterogeneidade de conceitos, muitas vezes radicalmente opostos, que se vão perpetuando ou remodelando.
E o pathos? Não levamos em conta o que os outros pensam que somos para adequar-nos, se nos agrada, para desmitificarmos o conceito, se não.
Enfim, tudo que posso é entrar na Tabacaria com Fernando Pessoa e concluir que:
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.