Não vou partidarizar o debate político neste momento, embora seja óbvio que as posturas do atual e do ex-governador sejam diametralmente opostas. Fizemos greve no Governo anterior, estamos na iminência de outra neste. A questão é mais profunda, a questão está entranhada nas terras do nosso estado, nas terras de nosso país. A questão é: quem vai pagar a conta de políticas públicas equivocadas, experimentais que, artisticamente, seriam válidas, mas, politicamente, são inviáveis? Quem vai pagar a conta que maus gestores fizeram? Quem vai pagar a conta que a corrupção nos cobra? Agora, não esqueçamos de incluir nesse rol de questões: quem vai pagar a conta da sonegação de impostos? quem vai pagar a conta das isenções fiscais injustas e desiguais? Nós, nós, os trabalhadores, vamos arcar com esses gastos.
Então antes de pagá-la, vamos nos propor outra questão: temos de pagá-la? Não, não temos. Mas para isso precisamos entender coletivamente que esse parcelamento combo (pois vem com a ameça de agosto incluída - o Secretário Giovani Feltes disse que o próximo mês será pior, obviamente) afeta a todos (não, não sou economista, formulo minhas análises empíricas, se alguém quiser colaborar...). O funcionário que deixa de receber, deixa de gastar na iniciativa privada, pois precisa economizar para pagar o Estado, assim sendo o dinheiro circula menos, o desemprego cresce e a crise aumenta. Poderiam pensar os mais simplistas: "Privatiza! Privatiza!" Mas uma empresa privada não gastaria um dinheiro tão alto numa máquina que não pudesse se recuperar. Ah, há, portanto, possibilidade de recuperação do serviço público, que pode ter qualidade e chegar a todos, inclusive, onde a iniciativa privada não chega.
Porém, para não pagarmos essa conta e podermos dividir o saldo entre todos, não podemos ficar esperando de pernas cruzadas, mão atadas e boca fechada. Unidos, tentando manter a ideia, talvez abstrata, de categoria, sem cisões partidárias, sem interesses pessoais - esses são mais alguns obstáculos que deverão ser enfrentados - possamos caminhar atrás da utopia à Galeano. E, quiçá, assim consigamos nos orgulhar que o gaúcho é um povo guerreiro de verdade, porque luta em nome de todos!
2 comentários:
Rodrigo, muito bom teu texto, realmente não podemos ficar de braços cruzados e ver o que é público ser tratado como uma empresa privada e gestores falidos administrando. Aqui em São LEOPOLDO, estamos vivendo esta realidade!
Em todas as esferas, né, Dio! O descaso com o público e com o trabalhador é uníssono hoje, infelizmente!
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