A luz fraca, ou
melhor, a penumbra opaca, que entrava na sala, era capaz de ofuscar as janelas
do meu corpo. Meus olhos, cansados, a meia altura corroboravam a minha
existência. Estava cansado de estar sentado, com a vida passando, sem passar
por ela.
Me sentia como
um boi, percorrendo um caminho marcado direto para o matadouro, simplesmente
andando, sem saber por quê. Não queria isso, caminhar, a esmo, direto para o
fim certo e doloroso de todos.
Queria me virar,
enfurecido, contra a manada. Queria ser o estouro, queria ser o fogo. Queria
percorrer a trilha inversa, fazer o caminho mais longo e sinuoso. A cada passo,
deixar uma pegada indelével, criando pistas para os que quisessem me encontrar.
Não queria o silêncio, antes o barulho, a algazarra, o sorriso largo e sincero.
A sombra
diminuía, eu também.
3 comentários:
òtimo.
Obrigado, Pedro!
Também achei ótimo.
Vale o que vale, nesse mar estranho que é o mundo (virtual).
Eu aqui sou silêncio.
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