Começo com um
esclarecimento: não sou sociólogo, não sou cientista político. Este texto faz
parte do senso comum, com ideias recolhidas na observação.
Os royalties
da exploração do pré-sal serão divididos por todas as unidades da federação e
não apenas pelos estados exploradores. Acho isso justo, mas a aqui no Rio
Grande do Sul, a comemoração desse fato é extremamente contraditória.
A Revolução Farroupilha,
que forjou nossa identidade de gaúcho, sendo compartilhada por todos os
rio-grandenses, de diversas etnias que nada têm a ver com os gaúchos em si, foi
uma luta em nome da injustiça. A injustiça de pagar muitos impostos para
sustentar as partes menos desenvolvidas do país, ou, como já ouvi dizer,
trabalhávamos para manter nordestinos. Aparte o preconceito carregado nessa
frase, podemos pensar algumas coisas. Não eram os trabalhadores, esfarrapados,
que trabalhavam na quase escravidão, os negros; e na escravidão, os brancos,
que pagavam os impostos, eram os grandes proprietários de terra. Logo, os
interesses contrariados eram da elite gaúcha em um país, em um tempo, que a
agropecuária era uma das principais fontes de renda.
Agora, terão
os fluminenses e os catarinenses, por exemplo, o direito de dizer que não
querem dividir seu dinheiro com os gaúchos atrasados, ainda vivendo da
agropecuária extensiva na era do agronegócio? Creio que uma injustiça não justifica outra. Mas o que cria a tensão
nessa contradição é que a causa imediata da Revolução Farroupilha valia em 1835
e não vale em 2012, desfazendo a aura épica que essa revolução apresenta. Assim,
como defesa dos interesses de poucos, a Revolução Farroupilha, como os
royalties do pré-sal nos permitem ver 150 anos depois, não difere muito do
golpe de 64, a não ser que a revolução não atingiu seu objetivo.
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