O Facebook é
uma rede social democrática, para os que podem usufruir dele (como toda a
democracia em nossa sociedade). Isto é, precisa-se ter acesso à internet, um
computador ou dinheiro para se gastar com isso em uma lan house, e tempo para
acessá-lo. A questão é que essa rede social lida com a heterogeneidade e
aproxima polos muito divergentes.
A
maioria das pessoas tem, na vida empírica, alguns amigos e muitos conhecidos,
colegas, ex-colegas, vizinhos, primos do tio da vizinha da namorada de um
amigo, ou seja, pessoas que conhecemos, mas nem sempre temos afinidades. E por
não termos afinidades, decidimos não frequentar a casa de uns, conviver mais
com outros: selecionar, dentro desse grande contingente de pessoas, os que queremos
mais próximos de nós.
Entretanto,
o Facebook joga essa heterogeneidade em nossa cara. Convivemos, virtualmente,
com religiosos fervorosos e ateus convictos; defensores dos animais e perversos
que se alegram com o sofrimento destes; existem os intelectuais, os marxistas,
os fúteis, os baladeiros, uma infinidade de tipos. Acontece que, ultimamente,
venho notando uma atitude estranha nas redes sociais – além da atitude comum de
todo mundo ser politizado no universo virtual – que é a intolerância.
Fala-se
em politicamente correto, em acessibilidade, em inclusão, em respeito pelo
outro, mas quando nos deparamos com opiniões, visões de mundo e valores
diferentes dos nossos, excluímos pessoas, bloqueamos, isto é, fazemos
desaparecer da frente dos nossos olhos o que é diferente e nos incomoda, embora
saibamos que segue existindo. Talvez, seja muito taxativo, mas não vejo outra
palavra para essa atitude que não a de fascismo virtual.
Sim,
apago o que é diferente, com o que não estou de acordo, o que me é incômodo. Porém,
essa atitude, no mundo virtual, deixa perceber alguns valores que a pessoa
carrega. Tendo o poder de fazer desaparecer aquilo com o que não quer conviver,
não hesita em fazê-lo. Confesso que tenho receio de atitudes assim.