sábado, 17 de setembro de 2011

Miséria



            Piscou os olhos, tentando ver o que acontecia. Ele. Ele mesmo. Tudo para si próprio. Caminhava e podia ver quantos mundos quisesse. Tudo a partir dele. Dele mesmo. Um amigo. Um herói. O herói. Sem pai, nem mãe, cuspido no mundo, escarrado no chão, jogado na lama. Lama da existência humana. Herói. Herói de si mesmo. Herói que aprendeu a aprender. Herói sem dó nem piedade, com dor e com vontade de ser herói. Herói de que mesmo? Herói de quem mesmo? Herói dele. Herói de si. Herói de si mesmo. Tudo o que sempre fora: ele mesmo por si próprio. Herói do mesmo, herói do nada. A gota de sangue escorreu pelo seu olho, fechando a história que nem ao menos começou.