quarta-feira, 14 de abril de 2010

Escolhas!

Em certos momentos, decisões são mais complicadas que nunca. As escolhas, ou seja, a vida, são muito simples quando relativas a problemas sem maior amplitude. Contudo, sempre que a dificuldade é enorme, a escolha é impraticável (obviamente, que impraticável é um grande exagero, mas é quase), pois sabemos que cada escolha é uma renúncia, logo sempre estaremos perdendo algo sem saber o que é.
Assim, perdemos algo sempre que ganhamos algo. O ganhado vivemo-lo, o perdido desconhecemo-lo. Porém, a vida funciona dessa forma o tempo todo, porque apenas apreendemos o vivido, o experimentado, o que é desconhecido não nos faz falta. Quando criança, viajando para capital do estado, lembro-me de passar uma cidade muito pequena, na qual outras crianças brincavam. Pus-me a pensar o quão infelizes eram as crianças por viverem naquela cidade tão pequena e triste. Ledo engano. Anos depois, dei-me conta de que para aquelas crianças, aquele era seu universo, sem haver outras possibilidades.
Enfim, essas são escolhas mais abstratas, que perpassam um viés filosófico-existencial. No entanto, há escolhas relacionadas ao mundo prático cuja preocupação deveria afligir-nos tanto quanto qualquer outra emocional ou intelectual. Este ano, no Brasil, é ano de eleições, portanto, tomaremos uma decisão, faremos uma escolha, para os próximos quatro anos. À diferença das escolhas abstratas, nas quais se unem razão e emoção, nesta o que deve pesar é, sobretudo, a razão. Devemos votar sem paixões, que não sejam o desejo de honestidade e respeito. Isto é, basear nossas escolhas em fatos, e não ficar a pensar que não gosto deste porque sim, ou prefiro o outro porque é mais charmoso e galante. Votemos pensando, comparando, conhecendo passado para projetar o futuro. Ou seja, levemos mais a sério essa escolha, pois ela determinará muitas coisas em nossa vida, inclusive, na parte emocional.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Viver melhor

O outro dia, foi feita, neste espaço, uma pergunta bastante pertinente, o que se entendia por viver melhor. Cremos de tamanha importância tentar respondê-la, embora saibamos a impossibilidade desse fato, haja vista ser este blog o lugar da prolixidade inócua.
Talvez, viver melhor seja buscar a felicidade, fazer as escolhas que a ela conduzam, tentar diminuir ao máximo tudo de desagradável que dela nos afaste. Isso pode parecer de um egoísmo avassalador, mas, sem deixar de sê-lo, não o é completamente. Isto é, uma afirmação daquelas pode parecer, a olhos incautos, realizar, apenas, asa ações que conduzam a felicidade, o viver melhor, renegando tudo aquilo que causa tristeza, frustração, infelicidade. Contudo, a vida não funciona assim. Se traçamos um objetivo, seja ele qual for, inclusive, não se ter objetivos, o mais difícil de todos, passaremos por obstáculos, angústias, desrealizações, passos atrás pra lograrmos o fato desejado causador de felicidade, logo o caminho não é fácil.
Se levamos uma vida de instantes, sem planos futuros, sem muitas expectativas, o viver melhor, um tanto quanto estóico, é fazer o que se deseja e rejeitar, sim, tudo aquilo que nos desagrade. Porém, viver em sociedade é também aceitar o desagradável, conviver com a diferença, readaptar-se continuamente, pois, raramente, somos felizes na solidão absoluta, até porque se assim o fosse, não necessitaríamos de nada, além de nós mesmos, para sermos felizes. A mera convivência de nós com nós mesmos far-nos-ia os seres que melhor vivem a vida.
Em suma, o viver melhor, como tudo na vida, passa por escolhas e não por resultados apenas. Aliás, estes estão atrelados àquelas. Fazer ou não fazer algo desagradável para depois ou, até, surpreendentemente, no momento, termos um instante de alegria é escolha e far-nos-á felizes ou não por alguns momentos, porque a felicidade é momentânea e nunca perdurável. Entretanto, isso não nos fará melhores ou piores depois da obra completa, isto é, no além-túmulo, seremos seres que viveram e morreram igual a todos que por aqui passaram ou passarão. Então, como a vida é assaz curta, o mais interessante seria aproveitá-la ao máximo, pois não teremos como nos arrepender depois, e nunca privar-se do que nos traz felicidade apenas porque isso nos é imposto.