O meu desânimo não vem de olhar ao redor e ver colegas e alunos na rua, mas da esquizofrenia existente em sujeitos que, há bem pouco tempo, estavam do nosso lado e agora nos olham como inimigos, manipulam discursos, mascarando números do movimento, e são categóricos nas suas negações e ameaças.
O Secretário de Educação do RS, que fazia parte do comando de greve de 1987, quando esta se alastrou por 90 dias, hoje afirma a impossibilidade de pagamento do salário que é não só LEGÍTIMO, mas LEGAL aos seus colegas professores. Contudo, não há dinheiro para o piso, e isso é verdade, pois, pagando o piso, faltaria para CCs, para a dívida pública, que deveria ser negociada pela união, já que o piso é lei federal, para os deputados e seus auxílios...
Não falemos de coisas materiais, deixemos o salário de lado, observemos outras faces que estão em pauta. A esquizofrenia se mantém. Vemos, diariamente, por parte dos que são colegas, mas estão governo, afirmações sobre a reforma no Ensino Médio que não condizem com as observações de quem está, na prática, envolvido com a educação, ou seja, alunos e professores. As ideias da reforma do Ensino Médio, à exceção de algumas, são boas, mas estruturalmente impossíveis, pedagogicamente inviáveis e humanamente cruéis. Com a quantidade de alunos que temos, a falta de infraestrutura, a elevada carga horária e a burocracia que essa reforma demanda, ficaremos sempre preenchendo papéis, escrevendo relatórios e não conseguiremos jamais nos envolver com as aulas. Repito: muitas ideias são boas, mas não se encaixam com os recursos financeiros, humanos e físicos que temos, além disso há algumas "confusões" teóricas que a proposta apresenta.
O interessante seria uma reforma verdadeira e viável, feita por professores de SALA DE AULA, não de gabinete, e alunos. A educação deveria ser um programa de Estado e não de governo, mas quem quer isso? Quem quer um povo crítico e consciente de seu poder? Quem quer um ser humano que perceba a felicidade em coisas espirituais e não materiais? Quem quer? EU QUERO! Por isso, do meu desânimo com a esquizofrenia farei força! Eu não posso me omitir, pois me omitindo eu perco a minha razão de ser, minha razão de ser PROFESSOR!