"Canta, ó musa, do Peleio Aquiles
A ira tenaz, que, lutuosa, aos Gregos,"
Assim começa a Ilíada, poema épico de Homero. A musa não inspira, canta através da boca do aedo. Contudo, essas divindades passaram a relacionar-se com a inspiração. Ou seja, é algo de fora do sujeito que o enche de entusiasmo (palavra que, como nos explica Eduardo Galeano, significa estar com os deuses dentro de nós). Assim, a deusa exterior nos completa de deuses dentro.
Mas o que é essa inspiração? Bem, um momento, uma paisagem, uma pessoa podem nos inspirar. Digamos que seja uma pessoa a fonte de nossa inspiração. Uma pessoa que chega e nos faz sentir bem; pega-nos de chofre e nos enche de entusiasmo.
O que faz esse entusiasmo? Nada, aparentemente. O sol segue nascendo, a lua aparece, as casas ficam no mesmo lugar, ninguém deixa de nascer ou de morrer. Porém, nossos olhos mudam. A pessoa inspirada pela musa é capaz de olhar cada trivialidade, cada cotidianidade, de maneira diferente. É capaz de dar cor ao que é cinza, de dar vida ao inerte, de dar alegria à tristeza.
Então, "Canta, ó musa, o que quiseres cantar, mas canta para mim."