Certas coisas são naturais do ser humano, como por exemplo, quando temos necessidades fisiológicas, vamos ao banheiro e pronto, isso é natural. Será? Ponderemos. Se estamos em outro país de cultura ocidental, já encontramos diferenças que desnaturalizam certos conceitos. Para seguir pensando sobre isso deveríamos definir cultura. Esse passo é mais complexo, mas tentemos. Escolhemos o conceito de Williams, o qual trata a cultura como, grosso modo, um sistema significante através do qual uma ordem social pode comunicar-se e investigar-se.
Sigamos pensando em conceitos ações consideradas naturais. Quando mencionamos visitar um país de cultura ocidental, ignoramos que, dentro de um país, subsistem diversas culturas. Tomemos o Brasil como referência. Em nosso país, existem comunidades indígenas autóctones, logo não são menos brasileiros do que nós, mas vivem sob outros paradigmas culturais que não ocidentais. Assim, se em uma tribo (isto é extremamente hipotético) o ato de defecar é coletivo, os membros dessa comunidade não se estranhariam de um sujeito defecando à vontade na frente de todos. Isso pode chocar, no entanto aponta para que até os atos julgados mais naturais não o são. São, na verdade, construções culturais arraigadas a nós graças a uma forte tradição e perpetuação de uma hegemonia que não se deixa bater.
Mudemos o enfoque. Instaurados em uma cultura não ocidental, do outro lado do mundo, tudo nos parece bárbaro, sem percebermos que estamos, ainda, com uma ideologia próxima a dos romanos, que rejeitavam tudo o não originado, adaptado, integrado ao Lácio como bárbaro, pior, terrível. Vemos com assombro a entrega religiosa e fanática de muçulmanos, horrorizamo-nos com a sociedade estamental indiana toda baseada nas castas. No entanto, apagamos da memória o que foi o Feudalismo, as Cruzadas; ignoramos o fanatismo em Cristo que leva ao auto-flagelo, ao desprezo dos diferentes ou dos que nos desprezam, pois o que vale, o que é natural e, portanto, correto é a nossa perspectiva, é a nossa cultura.
Isso não é mero desprezo da alteridade, porque vai muito mais além. Ao entender como natural a língua, as roupas, as atitudes mais triviais, rechaçamos que tudo, ou 99,9% de tudo, é construção social. Obviamente, é fácil esquecer-se disso, afinal nascemos e já temos uma cultura (im) posta, à qual devemos adequar-nos. Entretanto, ao pensarmos sobre essas questões e tentarmos desnaturalizar conceitos - isto não que dizer que não deve haver atitudes automáticas, pois, sim, devemos adequar-nos ao meio, embora devamos e possamos criticá-lo – veremos como é possível respeitar o outro, como também contestar e posicionar-nos frente à dura realidade vivida.
E, para deixar mais um objeto de reflexão, pensemos no mundo natural. Há pouca coisa natural ali, pois tudo que se planta é um cultivo, logo uma cultura... Sobra quase nada!
Sigamos pensando em conceitos ações consideradas naturais. Quando mencionamos visitar um país de cultura ocidental, ignoramos que, dentro de um país, subsistem diversas culturas. Tomemos o Brasil como referência. Em nosso país, existem comunidades indígenas autóctones, logo não são menos brasileiros do que nós, mas vivem sob outros paradigmas culturais que não ocidentais. Assim, se em uma tribo (isto é extremamente hipotético) o ato de defecar é coletivo, os membros dessa comunidade não se estranhariam de um sujeito defecando à vontade na frente de todos. Isso pode chocar, no entanto aponta para que até os atos julgados mais naturais não o são. São, na verdade, construções culturais arraigadas a nós graças a uma forte tradição e perpetuação de uma hegemonia que não se deixa bater.
Mudemos o enfoque. Instaurados em uma cultura não ocidental, do outro lado do mundo, tudo nos parece bárbaro, sem percebermos que estamos, ainda, com uma ideologia próxima a dos romanos, que rejeitavam tudo o não originado, adaptado, integrado ao Lácio como bárbaro, pior, terrível. Vemos com assombro a entrega religiosa e fanática de muçulmanos, horrorizamo-nos com a sociedade estamental indiana toda baseada nas castas. No entanto, apagamos da memória o que foi o Feudalismo, as Cruzadas; ignoramos o fanatismo em Cristo que leva ao auto-flagelo, ao desprezo dos diferentes ou dos que nos desprezam, pois o que vale, o que é natural e, portanto, correto é a nossa perspectiva, é a nossa cultura.
Isso não é mero desprezo da alteridade, porque vai muito mais além. Ao entender como natural a língua, as roupas, as atitudes mais triviais, rechaçamos que tudo, ou 99,9% de tudo, é construção social. Obviamente, é fácil esquecer-se disso, afinal nascemos e já temos uma cultura (im) posta, à qual devemos adequar-nos. Entretanto, ao pensarmos sobre essas questões e tentarmos desnaturalizar conceitos - isto não que dizer que não deve haver atitudes automáticas, pois, sim, devemos adequar-nos ao meio, embora devamos e possamos criticá-lo – veremos como é possível respeitar o outro, como também contestar e posicionar-nos frente à dura realidade vivida.
E, para deixar mais um objeto de reflexão, pensemos no mundo natural. Há pouca coisa natural ali, pois tudo que se planta é um cultivo, logo uma cultura... Sobra quase nada!